terça-feira, dezembro 29, 2015
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Fiscais resgataram quase mil pessoas de trabalho escravo em 2015
Fiscais resgataram quase mil pessoas de trabalho escravo em 2015
As operações
de combate ao trabalho escravo no Brasil resgataram 936 pessoas de condições
análogas à escravidão no período de janeiro a 17 de dezembro de 2015. O
principal perfil das vítimas é o de jovens do sexo masculino, com baixa
escolaridade e que tenham migrado internamente no país. As informações foram
divulgadas nesta segunda-feira, 28, pela Assessoria de Imprensa do Ministério
do Trabalho.
Os fiscais
do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) e das Superintendências
Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs) realizaram, no período, 125 operações.
Foram fiscalizados 229 estabelecimentos das áreas rural e urbana, alcançando
6826 trabalhadores. Além do resgate de trabalho escravo, a ação resultou na
formalização de 748 contratos de trabalho, com pagamento de R$ 2 624 milhões em
indenização para os trabalhadores.
Foram ainda
emitidas 634 Guias de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado (GSDTR),
benefício que consiste no pagamento de três parcelas, no valor de um salário
mínimo cada, para que as pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão
possam recomeçar suas vidas profissionais. Houve também a emissão de 160
Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) para as vítimas.
A Divisão de
Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do
Trabalho e Previdência Social (MTPS) realizou uma análise sobre o perfil das
vítimas resgatadas, com dados parciais coletados até o início de dezembro, a
partir da emissão do Seguro-desemprego.
O estudo
mostra que 74% das vítimas não vivem no município em que nasceram e que 40%
trabalham fora do Estado de origem. A maioria das vítimas é da Bahia, com 140
resgates, o que corresponde a 20,41% do total. Do Maranhão, foram localizadas
131 vítimas, ou 19,10%, e de Minas Gerais, 77 resgates, respondendo por 11,22%
do total.
A análise
aponta também que, entre os trabalhadores resgatados que estão recebendo Seguro
Desemprego, 621 são homens e a maioria tem entre 15 e 39 anos (489 vítimas). A
maior parte das vítimas que ganham até 1,5 salário mínimo (304), e a maior
parte dos trabalhadores resgatados, 376 do total, são analfabetos ou concluíram
no máximo até o 5.º ano do ensino fundamental.
De acordo
com o chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo,
André Esposito Roston, entre os trabalhadores alcançados em 2015 pelo Grupo
Móvel e pelos auditores, o equivalente a 14% foram considerados em condições
análogas às de escravo. Doze trabalhadores encontrados tinham idade inferior
aos 16 anos enquanto 24 estavam com idade entre 16 e 18 anos. “Este dado é
preocupante, pois evidencia que trabalhadores com idade inferior aos 18 anos,
eram mantidos em atividades onde, em regra, eles não poderiam trabalhar, seja
pela intensidade, natureza ou mesmo por integrar a lista das piores formas de
trabalho infantil”, adverte.
André Roston
alerta também para os riscos a que estão expostos os trabalhadores migrantes e
a relação com tráfico de seres humanos. “Do total de trabalhadores alcançados,
58 eram estrangeiros, o que reforça a já constatada transversalidade entre
trabalho escravo e o aliciamento de pessoas, que alcança não só a questão da
migração internacional, mas também entre regiões do Brasil”, destaca.
Outro dado
que chama a atenção dos fiscais é a quantidade de trabalhadores resgatados em
áreas urbanas. Nas cinco ações fiscais que encontraram a maior quantidade de
trabalhadores em condições análogas às de escravo três foram de caráter urbano.
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