domingo, dezembro 06, 2015
Morre, no Rio de Janeiro, Marilia Pêra
Uma das grandes damas do teatro e da televisão do Brasil, Marília Pêra morreu neste sábado, aos 72 anos, no Rio de Janeiro. A atriz estava afastada do trabalho recentemente deviso a um desgaste ósseo, mas a causa da morte teria sido um câncer de pulmão. Apesar da família não confirmar, alguns amigos da atriz, como Zuzu Angel, chegaram a comentar a luta de Marilia Pêra contra a doença nos últimos meses.
Marília Pêra morreu trabalhando. No ar com a quarta temporada da série de TV Pé na Cova, da Globo, ela planejava para 2016 o lançamento de um disco com canções românticas. E de um musical a partir dessas canções. Ao jornal gaúcho Zero Hora, ela revelou durante o Festival de Cinema de Gramado, onde foi homenageada em agosto, que a intenção era de lançar o projeto em 2016. "Olha a coincidência: eu e Daniel Filho (outro homenageado da mesma edição do Festival de Gramado) pensamos em fazer um "docudrama" juntos, ele me dirigindo. A ideia é fazer um projeto casado com o disco, que terá canções como Ne Me Quitte Pas, alguma MPB e um Kurt Weill indicado pelo Miguel Falabella".
E foi justamente por um post nas midias sociais que Falabella, seu colega em Pé na Cova, que a notícia de sua doença se espalhou. "Não desista de nós! Por favor!", ele escreveu, no Instagram. Em 2015, a atriz também havia sido homenageada pela escola de samba Mocidade Alegre, no Carnaval de São Paulo. Ela passou o ano em tratamento médico, segundo informações dos familiares, combatendo um desgaste nos ossos do quadril – chegou a ficar afastada das gravações de Pé na Cova por conta do tratamento.
BREVE BIOGRAFIA
Marília Pêra: mais de 50 peças, quase 30 filmes e cerca de 40 novelas, minisséries e programas de televisão Filha, neta e sobrinha de atores, Marília Soares Pêra costumava contar que pisou em um palco pela primeira vez quando tinha 19 dias de vida – estava no colo da atriz de uma montagem teatral, colega de elenco de sua mãe, Dinorah Marzullo. Aos quatro anos, em 1948, já trabalhava em uma montagem de Medeia, de Eurípedes.
Antes dos 20 anos já havia atuado com Bibi Ferreira (na montagem de Minha Querida Lady, de 1962) e interpretado Carmen Miranda (na biografia de Lamartine Babo O Teu Cabelo Não Nega, de 1963), papel que repetiria algumas vezes em sua carreira. Nessa mesma época participava de um programa semanal de balé na TV Tupi – onde seus pais costumavam trabalhar.
Casou-se aos 16 anos, em 1959, com o ator Paulo Graça Mello. O casamento durou pouc. Em 1965 ela já estava separa e protagonizou as novelas Rosinha do Sobrado e Padre Tião, da Globo.Nos primórdios da emissora ainda atuou em A Moreninha, adaptação do romance de Joaquim Manuel de Macedo escrita por seu ex-sogro, Graça Mello, que era diretor da emissora.
No teatro sua carreira ganhou se destacou por várias produções. Esteve em A Ópera dos Três Vinténs, de Bertold Brecht e Kurt Weill, A Megera Domada, de William Shakespeare, O Barbeiro de Sevilha, de Beaumarchais, e Roda Viva, de Chico Buarque. A volta à Globo se deu em 1971, a convite de Daniel Filho, para contracenar com Francisco Cuoco em O Cafona – quando interpretou Shirley Sexy, personagem que lhe deu grande popularidade. Um pouquinho antes, em 1968, ela fizera Beto Rockfeller, na TV Tupi. No cinema Marília Pêra estreou em 1968, pelas mãos do diretor Eduardo Coutinho, que a escalou para fazer O Homem que Roubou o Mundo. Com o mesmo diretor, ela trabalharia em Jogo de Cena (2007), documentário premiado e aclamado pela crítica.
Marília viveria com o cineasta Hector Babendo seu momento de maior projeção internacional. Em 1981, imortalizou a personagem da prostituta Sueli em Pixote, a Lei do Mais Fraco, desempenho que chamaria a atenção de produtores internacionais e a levaria a Nova York, onde rodou Mixed Blood, filme de Paulo Morrissey lançado em 1984. Outros papéis de destaque no cinema foram em filmes de Cacá Diegues (Tieta do Agreste, de 1996, e Dias Melhores Virão, de 1990), O Viajante (1999), de Paulo César Saraceni, e Amélia (2000), de Ana Carolina.
Além de Carmen Miranda, que reviveria em espetáculos como A Pequena Notável (1966), dirigido por Ary Fontoura, e A Tribute to Carmen Miranda (1975), por Nelson Motta, também interpretou mulheres célebres como a cantora Dalva de Oliveira (no musical A Estrela Dalva, de 1987), a diva Maria Callas (Master Class, de 1996), a estilista Coco Chanel (Mademoiselle Chanel, de 2004), e a ex-primeira dama do Brasil Sarah Kubitschek (na minissérie JK, de 2006).
Marília Pêra deixa um filho, Ricardo, também ator e cantor, de seu primeiro casamento, com o ator Paulo Graça Mello; e duas filhas, Esperança, nascida em 1978, e Nina, em 1980, ambas de seu casamento com o escritor e produtor Nelson Motta. Seu último marido foi o economista Bruno Faria, com quem se casou em 1998.
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