terça-feira, janeiro 26, 2016
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Conheça a história do pai e filho cearenses que encantaram internautas com banho de chuva
Conheça a história do pai e filho cearenses que encantaram internautas com banho de chuva
"Enquanto
Deus me der forças, vou continuar fazendo isso", diz o autônomo Stanley
Moreira da Silva, 37. Ele e o filho Wesley de Lima Moreira, 18, emocionaram
internautas do Brasil inteiro com um vídeo em que aparecem tomando banho de
chuva. A gravação, feita na ultima quinta-feira, 21, faz parte da rotina da
família cearense, que vive em Jaguaruana, 173,1 km de Fortaleza.
Wesley
nasceu totalmente saudável, mas aos quatro meses de vida teve uma grave
infecção intestinal e, posteriormente, uma parada cardiorrespiratória que o
deixou em coma por 15 dias. “Nesse tempo o médico já dizia que ele ia ter
sequelas, então quando ele acordou ficou com paralisia cerebral pela falta de
oxigênio no cérebro”, relata a mãe do garoto, a dona de casa Silvia Helena de
Lima, 36.
Depois do
coma, Wesley perdeu os movimentos do corpo e da fala, mas, segundo a família,
interage com o olhar. "Nunca tratei ele diferente, sempre agimos como se
ele fosse uma criança normal", diz a mãe. "Ele entende é tudo, a
gente conversa, eu e a mãe dele já sabemos pelo olhar quando ele quer alguma coisa",
complementa Stanley, conhecido na cidade como "Moreno".
E Stanley
ainda exemplifica a comunicação com o filho, quando o jovem quer, por exemplo,
passear de bicicleta. "Vamos supor, se ele quiser ir pra rua, ele já olha
pra saída. Hoje [segunda-feira] ele ‘disse’ que não queria, aí perguntamos se
era a casa da tia,e ele foi pra lá com a Silvia. A gente aprende muito, ele que
ensina!", afirma.
Banho de
chuva, bicicleta e outras histórias
Tomar banho
de chuva com o pai é um costume de Wesley, mas Silvia conta que não esperava
tanta repercussão. "Quinta deu aquela chuva grande, ele [Wesley] dá mo
valor. Coloquei nas redes sociais e nunca imaginei isso, todo mundo aqui na
cidade já conhece a gente. Só hoje já recebi ligação de gente até de outros
estados me parabenizando. E eu nem sei como pegaram meu número", relata a
mãe, aos risos.
Moreno
também acabou sendo pego de surpresa, porque não gosta de tirar fotos, mas
acaba deixando a mulher fazer os registros por causa do filho. "Eu não
gosto dessas coisas, ela disse que era foto, aí eu disse: Wesley, ela tá é
filmando. E ele ficou rindo, mas achei que ia ser só mais uma postagem. Agora
já tem mais de 6 milhões de visualizações", contabiliza o pai, que
administra, com a mulher, o perfil de Wesley no Facebook.
A administração
dos pais na rede social do filho, no entanto, é só técnica, pois o conteúdo é
todo mediado por Wesley, garante Moreno. "Uma pessoa manda uma
solicitação, a gente mostra e vai dizer que é. Se ele "disser'' que
aceita, tudo bem, mas se ele não quiser a gente exclui. Se você manda uma
mensagem, eu leio em voz alta. Quando for pra responder, ele tem que concordar,
se não, mudamos tudo de novo", detalha.
Além dos
banhos de chuva, uma das atividades preferida de Wesley é andar de bicicleta
com Moreno. "Já adaptei duas [bicicletas], uma só para a cidade e tenho
outra para quando vou pras comunidades no interior, com outros ciclistas”,
conta o pai.
No último
passeio, pai e filho fizeram 55 km, quando foram para Itaiçaba durante uma
manhã. Moreno prefere fazer os passeios durante o dia para que os dois não
precisem dormir fora. "A gente vai e vem, o essencial para ele é passear.
O negócio dele é tá "batendo perna". Aí eu digo: 'Wesley, e tua
pernas é quem?'. Aí ele olha para mim e acha graça. Oura, é isso que me motiva,
enquanto Deus me der forças vou fazer isso", diz ele.
Dedicação
Wesley
recebe atendimento de um fonoaudiólogo em um centro especializado de
Juaguaruana. A primeira cadeira de rodas foi dada à família pela Prefeitura em
1997 e, de lá para cá, o equipamento recebeu duas adaptações - uma feita em um
hospital e a mais recente por Moreno.
O pai
trabalha consertando bicicletas e, além disso, a renda familiar é complementada
por uma pensão de Wesley, garantida por conta da deficiência dele. O casal tem
outro filho, Mikael, 19, que trabalha em uma empresa de redes.
Nem o
dinheiro curto desmotiva Moreno, que ainda pretende fazer os passeios de bicicleta
com o filho por muitos anos. "Quando o Wesley era pequeno, tinha um outro
rapaz especial mais velho aqui [na cidade], eu via a família na missa sem ele.
Olhei para minha mulher e disse: ‘Silvia, nunca vamos deixar o Wesley no fundo
de uma rede'. Eu me agarrei a isso", explica.
Quando
recebe conselhos para "maneirar", por conta do peso do filho e do
cansaço do corpo, ele é enfático: "tenho que aproveitar enquanto ‘to’
podendo". "Eu sei que os passeios vão acabar um dia, até digo isso
pro Wesley, mas eu sempre falo: 'Não se preocupe, se não der pra passear de
bicicleta, a gente vai andando na cadeira de rodas mesmo' ", planeja.
A explicação
pra dedicação da família, o próprio pai faz questão de fazer os outros
entenderem. "Eu digo que to 'veinho', mas ele aí ele sorri pra mim. O
sorriso dele cativa todo mundo. O povo aqui todo conhece, se a pessoa não
conhece o Wesley não é de Jaguaruana".
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