segunda-feira, janeiro 11, 2016
Filiação a novos partidos altera composição de bancadas na Câmara
A Câmara dos
Deputados retoma as atividades em fevereiro com composição diferente de um ano
atrás, quando os parlamentares eleitos para esta legislatura tomaram posse. No
último ano, 41 dos 513 deputados mudaram de partido, conforme informações do
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Entre as
principais mudanças no cenário, está a perda, pelo Partido dos Trabalhadores
(PT), de 10 deputados desde a posse, e a migração de 21 deputados para o
Partido da Mulher Brasileira (PMB), que obteve registro no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) em setembro. A Rede Sustentabilidade, que conseguiu registro no
mesmo mês, passou a ter bancada de cinco deputados.
O Supremo
Tribunal Federal, no julgamento de três mandados de segurança, firmou o
entendimento de que os mandatos pertencem aos partidos e que, por isso, o
candidato não pode mudar para outra legenda e manter o mandato. No entanto, a
desfiliação para a filiação em partido recém-criado não acarreta a perda do
cargo.
Maior
bancada
Com a perda
de 10 dos 69 deputados eleitos, o PT deixou de ser o partido com maior bancada
na Câmara, o qual, atualmente, é o PMDB, com 67 deputados. Conforme dados do
Diap, apenas quatro desses dez deputados efetivamente mudaram de partido.
“Muitos
deputados do PT se licenciaram do mandato e cumprem funções de secretários de
estado, de ministros de Estado, e os suplentes eram, na maioria dos casos, de
outros partidos. Isso possibilitou ao PMDB ter hoje o maior número de deputados
em exercício na Casa ”, explica o líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani.
Porém,
atualmente, o bloco mais numeroso é o integrado pelo PP, PTB, PSC e PHS, com 80
deputados, seguido do bloco formado por PR, PSD e Pros, com 75 parlamentares. O
bloco PMDB/PEN tem 69 deputados.
Oficialmente,
esses três blocos integram a base do governo na Câmara, que conta ainda com o
PDT (17 deputados) e o PCdoB (12 deputados), além do PT, totalizando 341
deputados. Porém, há muitos dissidentes nesses partidos e blocos, como o
próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que já se declarou de oposição.
Já a chamada
Minoria conta com 99 deputados, sendo integrada formalmente pelos seguintes partidos
de oposição ao governo: PSDB (53 deputados), DEM (21), Solidariedade (15) e PPS
(10). Alguns partidos consideram-se independentes em relação ao governo, como
PSB (34 deputados), Psol (5), PV (5) e Rede (5).
O diretor do
Diap, Antonio Queiroz, acredita que o cenário atual, de pulverização
partidária, dificulta a coordenação política do governo no Parlamento. “Com a
ampliação do número de partidos e a pulverização presente no Congresso, a
tendência é de que cada votação seja objeto de negociação específica, o que
dificultará enormemente a aprovação da agenda governista”, disse.
Novas
mudanças
Queiroz
avalia que a tendência é que o número de trocas de partido – 41 até a data de
hoje – pelo menos dobre ainda nesta legislatura, em razão de duas alterações na
legislação. Uma das alterações, segundo ele, é a aprovação da nova Lei
Eleitoral (13.165/15), que já vai vigorar este ano, na eleição para vereador. A
nova lei originou-se da aprovação do PL 5735/13, conhecido como “minirreforma
eleiotoral”.
“No caso dos
deputados federais, o prazo de filiação, que era de um ano, passou a ser de
seis meses. Nos 30 dias que antecedem esses meses, os parlamentares podem mudar
de partido sem perda de mandato. Então haverá uma migração muito significativa
em 2018.”
A outra
mudança, segundo Queiroz, foi a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 182/07, a chamada PEC da Reforma Política, que possibilita aos
parlamentares deixarem os partidos pelos quais foram eleitos nos 30 dias
seguintes à promulgação da Emenda Constitucional, sem perder o mandato. A
promulgação da PEC deverá ocorrer em fevereiro.
Novas
mudanças nas bancadas partidárias também poderão ocorrer com a fundação do
partido Raiz Movimento Cidadanista pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP),
anunciada para o dia 22 deste mês.
Porém, para
o partido conseguir o registro no TSE, precisa angariar cerca de 486 mil
assinaturas de apoio (no mínimo, 0,5% dos votos válidos na última eleição geral
para a Câmara), sendo que as assinaturas não poderão ser de filiados a qualquer
partido, conforme mudança na legislação eleitoral.
Agência
Câmara
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