terça-feira, janeiro 26, 2016
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Janeiro chuvoso supera a média histórica em 91%; volume de chuvas é 7 vezes maior do que em 2015
Janeiro chuvoso supera a média histórica em 91%; volume de chuvas é 7 vezes maior do que em 2015
As chuvas
caídas até aqui neste mês surpreendem pela intensidade. Para se ter uma
ideia, o volume mensurado até ontem pela Fundação Cearense de Meteorologia
e Recursos Hídricos (Funceme), 189,3 milímetros, é quase sete vezes maior
do que o registrado em igual período de 2015 (27,8mm).
Faltando
seis dias para encerrar o mês, é provável que este janeiro se torne o mais
chuvoso dos últimos 12 anos. A média histórica das precipitações referente aos
primeiros 30 dias do ano é de 98,7. Portanto, já foi praticamente dobrada, pois
o desvio positivo até ontem era de 91,8%. De 2000 para cá, só choveu tanto no
mesmo período em 2002 (245 milímetros) em 2004 (406) e em 2011 (212,8), marca
prestes a ser ultrapassada nos próximos dias.
Apesar
disso, a Funceme lembra que janeiro não faz parte da quadra chuvosa do Estado,
que vai de fevereiro a maio, e que, por isso mesmo, mantém a previsão de
inverno abaixo da média. Nos últimos quatro anos - de 2012 a 2015 -, a Fundação
acertou seus prognósticos, a despeito de críticas recebidas antes da conclusão
do ciclo.
Fenômenos
O presidente
da Fundação, Eduardo Sávio Martins, expõe que, por serem frutos de fenômenos
diferentes, as características climáticas de janeiro e do período seguinte, que
segue entre fevereiro e maio, devem ser dissociadas uma da outra. "As
chuvas do mês de janeiro, ou da pré-estação, entre dezembro e meados de
fevereiro, são provocadas por vórtices ciclônicos de altos níveis, enquanto as
chuvas da estação, entre fevereiro e maio, são, em geral, provocadas pela Zona
de Convergência Tropical".
Mesmo que
não sejam a marca do período que está por vir, o volume pluviométrico dos
primeiros dias do ano já é visto como importante para aliviar a escassez de
água. O Comitê de Monitoramento da Situação do Semiárido Cearense, célula do
Governo Estadual para discutir estratégias contra a seca, afirma que as
precipitações deste mês de janeiro ajudaram a estabilizar o nível dos
reservatórios cearenses, que se mantêm em 12,5%, garantindo que não haja a
perda de volume de água.
Em meio às
chuvas, durante o último fim de semana, o Sistema de Monitoramento de Descargas
Atmosféricas da Companhia Energética do Ceará (Coelce) registrou a ocorrência
de 2.391 raios em todo o Estado. Calculando-se a partir do primeiro dia do ano,
até domingo (24), 8.537 descargas foram contabilizadas.
O município
de Tauá recebeu 648 raios, sendo a localidade com maior incidência do fenômeno,
seguido por Independência (558) e Santa Quitéria (534). A Coelce alerta para o
risco de acidentes, sugerindo que seja evitado o uso de aparelhos domésticos
conectados à tomada, chuveiros elétricos e o conserto de instalações elétricas.
Entrevista
com Eduardo Sávio Martins, presidente da Funceme
Estado
não terá seca meteorológica e, sim, chuva abaixo da média
Como
podemos entender a previsão emitida pela Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos?
Pela
incerteza inerente a esta previsão, a dificuldade no entendimento no seu
significado surge. Veja o exemplo da previsão para o período Fevereiro a Abril
de 2016 com as seguintes probabilidades associadas às categorias Abaixo da
Média, Em Torno da Média e Acima da Média, respectivamente: 65%, 25% e 10%.
Neste caso, a categoria mais provável é a abaixo da média.
Significa
que vamos ter seca meteorológica? A resposta é não! Significa que, para o
estado
do Ceará,
sob as mesmas condições iniciais do momento da previsão (Janeiro), teríamos 65%
de chance de termos a média observada de precipitação na categoria abaixo da
média.
Como é
possível ilustrar as diferenças entre as chuvas dos últimos dias e a quadra
chuvosa?
Imagine um
grande sistema com circulação horária na alta atmosfera (cerca de 12km de
altura) com o centro dele sobre o Oceano Atlântico e a borda esquerda sobre o
Nordeste do Brasil, incluindo o Ceará. Nas bordas, há formação de nuvens carregadas
de chuva, trazendo precipitações. Este é o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
(VCAN) que está atuando hoje no Estado. Climatologicamente, esses sistemas têm
atuação, principalmente, nos meses da pré-estação chuvosa (dezembro e janeiro),
podendo ocorrer ainda durante as primeiras semanas de fevereiro. São sistemas
transientes, de difícil previsão. A partir daí, já durante a estação chuvosa, o
sistema indutor de chuvas é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que
pode ser descrita como uma imensa faixa de nuvens carregadas, formadas pela
convergência dos ventos alísios, e que se posiciona no Oceano Atlântico,
próximo à linha do Equador. Este é o principal sistema que traz chuvas no
Estado e sua atuação aqui acontece, normalmente, entre fevereiro e maio. Por
isso, a nossa quadra chuvosa é neste período.
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