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terça-feira, abril 05, 2016

O professor e poeta Antônio Rilmar Cavalcante de Pereiro-CE fala sobre liberdade do medo

Não me fale de medo. Sou um homem comum que não abandono meus ideais. Quem não luta contra os seus medos, não só se acovarda, mata toda a esperança última da vida. Não culpe as pessoas pelo seu medo. Não quero procuração para ocultar o seu medo. Não transfira a outros, o medo que é seu. Acusar alguém que no futuro será vítima de perseguição, verdadeiramente, você vai viver na sombra angustiante do algoz. A fraqueza da desculpa de pobre coitada, até irrita e demonstra covardia, pois só você é capaz de se libertar. 

    Acredite, como exemplo pessoal, faço parte de outra consciência maior, na luta digna de cidadão, vejo na covardia a grandeza do outro, que legitima o opressor a escraviza-lo. Há grandeza em lutar contra o gigante, mesmo derrotado, haverá mais dignidade do que um vitorioso estúpido. Não seja ridículo querendo colocar outros como refém do seu medo. Livre todos nascemos, só existe gente igual a você, porque nega a sua condição de gente livre.

     Leia o poema da época mais violenta do golpe militar de 1964.

"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."


    Se não for capaz de reagir, a pois ler este poema, não posso fazer nada, certamente, o melhor é ser chicoteada e ficar calada, como súdito a fazer parte da corte, pois lá, é seu lugar de covarde.

Os omissos é quem valia crueldade do déspota.

- Não se pergunte o que Pereiro pode fazer por você, mas se pergunte, o que você pode fazer por Pereiro

Antônio Rilmar Cavalcante

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