Mais de 17,5 mil crianças e adolescentes podem ter sido
vítimas de violência sexual no Brasil em 2015, quase 50 por dia durante um ano
inteiro. Os números são relativos às denúncias feitas ao Disque-Denúncia
Nacional, Disque 100, e foram divulgados hoje (18), Dia Nacional de Combate à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
As denúncias de violência sexual contra crianças e
adolescentes no Disque 100 foram apenas uma parcela das 80.437 registradas em
2015 contra essas faixas etárias. Negligência e violência psicológica são
outras violações registradas. As meninas são as maiores vítimas, com 54% dos
casos denunciados. A faixa etária mais atingida é a de 4 a 11 anos, com 40%.
Meninas e meninos negros/pardos somam 57,5% dos atingidos.
No Rio de Janeiro, os dados do Núcleo de Violência
Doméstica (NVD), do Disque-Denúncia, indicam redução de 30% nas denúncias sobre
esses assuntos, 558 sobre abuso sexual e 574 sobre exploração sexual. Em 2014,
ocorreram 810 denúncias de abuso sexual e 801 de exploração sexual. Apesar da
redução, o número de casos de exploração sexual infantil em relação ao de abuso
registrou aumento de quase 3%.
Para a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
(Soperj), a população precisa estar alerta ao problema, que é preocupante.
“Temos de participar das ações direcionadas a esse grave problema, mobilizando
os vários setores da sociedade e proteger nossas crianças e adolescentes
vítimas de violência sexual. É um problema grave, que precisa ser enfrentado de
forma sistemática, trazendo maior visibilidade”, comentou a vice-presidente da
Soperj, Anna Tereza Soares de Moura.
“Vale ressaltar que esses números são apenas a ponta de um
iceberg, já que existe um muro de silêncio em torno desses casos de violência
contra criança e adolescente, dificultando ainda mais a compreensão da
magnitude real do problema”, acrescentou Anna Tereza.
No Rio de Janeiro, nos quatro primeiros meses de 2016, o
NVD registrou 77 denúncias sobre abuso, sendo 97 sobre exploração sexual. Assim
como em anos anteriores, a zona oeste foi a região com maior volume de
denúncias, sobretudo os bairros de Campo Grande, Realengo, Padre Miguel, Santa
Cruz, Bangu, Jacarepaguá.
Como denunciar?
Para denunciar qualquer caso de violência sexual infantil,
é necessário procurar o Conselho Tutelar, delegacias especializadas,
autoridades policiais ou ligar para o Disque-Denúncia Nacional, o Disque 100,
vinculado à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
No Rio de Janeiro, também estão disponíveis os telefones
2253 1177 (capital) ou 0300 253 1177 (interior, custo de ligação local). As
informações são monitoradas e têm encaminhamento diferenciado às autoridades.
O serviço funciona de segunda à sábado, das 7h às 23h30, e
têm parceria com Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), Delegacia de
Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) e conselhos tutelares, enviando as
denúncias e solicitando providências.
A Data
No dia 18 de maio de 1973, uma menina de 8 anos foi
sequestrada, violentada e cruelmente assassinada no Espírito Santo. Seu corpo
apareceu seis dias depois carbonizado. Os agressores, jovens de classe média
alta, nunca foram punidos.
A data ficou instituída como o Dia Nacional de Combate ao
Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a partir da partir da
aprovação da Lei Federal 9.970/2000.
agencia brasil
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