Os integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) que desde a
segunda-feira, 9, ocupam a Fazenda Esmeralda, em Duartina, interior de São
Paulo, estão usando tratores da propriedade para tombar o pasto e fazer o
plantio de grãos e mudas. A fazenda pertence ao ex-coronel da Polícia Militar
de São Paulo, João Baptista de Lima Junior, amigo do presidente em exercício
Michel Temer. O MST alega indícios de que a propriedade tem Temer como sócio oculto,
o que já foi negado pelo peemedebista.
A propriedade, de 1,5 mil hectares distribuídos entre
reflorestamento de eucalipto e criação de gado, é considerada produtiva,
segundo os critérios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra). De acordo com Neusa Previato, da direção estadual do MST, além do
possível vínculo com Temer, os donos do imóvel se apossaram de uma área da
União. As terras são cortadas por uma linha desativada da antiga Ferrovias
Paulistas S/A (Fepasa), incorporada pela Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).
“Essa faixa de terras públicas foi incorporada à fazenda, o que configura
grilagem”, disse.
Ainda segundo a líder, a terra está sendo preparada para o
plantio de arroz, feijão, mandioca e milho. “Começamos plantando palmito dentro
das terras, depois vamos avançar para os alimentos, um contraponto à
monocultura de eucalipto e à pecuária intensiva existentes na área.” Segundo
ela, sementes e mudas foram doadas por simpatizantes do movimento na região.
“As pessoas afirmam que a fazenda é mesmo do Temer”, disse.
O Coronel Lima tornou-se amigo de Temer quando este ocupou
a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Ele também refutou
qualquer relação do presidente em exercício com a propriedade, embora Temer a
tenha frequentado.
Relatório da Polícia Militar aponta que a casa-sede e
outras benfeitorias existentes na propriedade foram pichadas e estão sofrendo
depredação. A PM fez sobrevoos de helicóptero na área ocupada. A empresa
Argeplan, de São Paulo, que tem o Coronel Lima entre os sócios e divide com ele
a titularidade da fazenda, entrou com ação de reintegração de posse no Fórum de
Duartina na quinta-feira, 12, para a retirada dos invasores. O juiz da Vara
Única, Luis Augusto da Silva Campoy, determinou que o Ministério Público se
manifestasse sobre o pedido. O processo voltou ao juiz nesta sexta-feira, 13,
mas até o início da noite não havia sido dada a decisão.
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