domingo, junho 12, 2016
País tem primeiro protesto nacional contra o governo Temer
A primeira manifestação de caráter nacional contra o
governo do presidente em exercício Michel Temer foi realizada ontem em pelo
menos 24 Estados e no Distrito Federal pelas frentes Brasil Popular e Povo sem
Medo.
Em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
participou do protesto concentrado na Avenida Paulista, onde quatro quarteirões
foram fechados nos dois sentidos e foram tomadas pelos manifestantes. Em seu
discurso, Lula, com voz muito rouca, mandou recados para Temer. “Temer, você é
um constitucionalista, sabe que não agiu correto assumindo a Presidência
interinamente. Permita que o povo retome o poder e participe das eleições em
2018”, declarou.
Os organizadores estimaram um público de 100 mil pessoas. A
Polícia Militar não havia informado o número aproximado de manifestantes até a
conclusão desta edição. Além dos movimentos sociais, participaram também
representantes dos estudantes e da classe artística.
As mensagens em faixas e cartazes pediam o retorno da
presidente afastada Dilma Rousseff, a saída de Temer e também do presidente
afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Já sobre a proposta de consulta
popular para convocar novas eleições caso o Senado não aprove o impeachment de
Dilma, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme
Boulos, afirmou que o coletivo não fechou questão sobre o tema. “O MTST está
discutindo isso internamente. Ainda não tomamos decisão”, disse. Anteontem,
Dilma defendeu a iniciativa em entrevista veiculada na TV Brasil. “A consulta
popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o
governo Temer”, declarou a petista.
Além de Lula, estiveram presentes o presidente nacional do
PT, Rui Falcão, o presidente estadual do PT-SP, Emidio de Souza, o deputado
federal Paulo Teixeira (PT-SP), o presidente da CUT, Vagner Freitas, o
coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim,
e o coordenador do MST, Gilmar Mauro. “Não elegemos um governo para fazer
reforma da Previdência”, disse Boulos. O presidente da CUT acrescentou que pode
haver greve geral caso reforma seja aprovada. “Se passar a pauta conservadora e
a reforma da Previdência e trabalhista, vamos organizar a maior greve geral que
esse País já viu”, ressaltou Freitas.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se reuniram ao redor da
Igreja da Candelária, no centro. Além de Temer, foram alvo do protesto Cunha e
o deputado Pedro Paulo Carvalho Teixeira (PMDB-RJ), pré-candidato a prefeito do
Rio e que, no ano passado, admitiu ter agredido a ex-mulher. A Polícia Militar
acompanhou o ato pacífico. A instituição não estimou o número de participantes.
Organizadores calcularam em 800 o número de pessoas presentes.
No Sul, o frio de 9º C não impediu que cerca de mil
manifestantes, segundo a Brigada Militar, protestassem contra o governo
interino no centro de Porto Alegre. No Nordeste, o ex-ministro de Dilma Jaques
Wagner (Casa Civil) e o ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli
participaram do ato que terminou na praça Castro Alves. Em Teresina, os
manifestantes se misturaram às pessoas que acompanhavam a tocha olímpica,
tentando apagá-la, sob o grito de “Fora Temer” e “Por novas eleições”.
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