domingo, junho 05, 2016
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PMs de SP matam menino de dez anos suspeito de furto com tiro na cabeça
PMs de SP matam menino de dez anos suspeito de furto com tiro na cabeça
Ítalo foi morto pela PM de SP com um tiro na cabeça. Ele
era perseguido por ter furtado veículo
Ponte Jornalismo
O menino Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, com 10 anos de
idade completados há apenas seis meses (ele nasceu em 30 de novembro de 2005),
foi morto pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, na noite desta
quinta-feira (02/06), com um tiro de pistola .40 que o atingiu na região do
olho esquerdo.
Quando foi morto pelos PMs, Ítalo vestia bermuda verde,
blusa azul, camiseta amarela e calçava um par de chinelos pretos.
Os dois policiais militares investigados pela morte de
Ítalo, filho de uma família desestruturada (a mãe saiu recentemente do presídio
e o pai está preso), são Israel Renan Ribeiro da Silva e Otávio de Marqui,
ambos com 25 anos de idade.
A morte de Ítalo aconteceu às 19h desta quinta, na rua José
Ramon Urtiza, na Vila Andrade, região do bairro do Morumbi, zona sul de São
Paulo. Um outro menino, de 11 anos e amigo da criança morta pela PM, foi
apreendido na mesma operação da Polícia Militar, que visava recuperar um carro
ano 1998 furtado.
A versão dos militares Silva e De Marqui para a morte de
Ítalo, agora investigada pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo DHPP
(Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, é a de que
a criança disparou três tiros contra eles, isso enquanto dirigia o carro
furtado, um Daihatsu, preto, 1998.
Uma das prioridades da Corregedoria da PM e do DHPP é
descobrir a origem da arma que, segundo os PMs, estaria com Ítalo, um revólver
calibre 38, nº DO151755, e obter imagens das câmeras de segurança de uma
farmácia localizada na altura do nº 835 da rua José Ramon Urtiza. Foi ali que
Ítalo morreu com um tiro na região do olho esquerdo.
Ítalo e o amigo de 11 anos, segundo o depoimento do menino
apreendido pela polícia, pularam o muro de um condomínio na rua Nelson Gama de
Oliveira, também na Vila Andrade.
Quando viram o Daihatsu com a janela aberta e a chave na
ignição, os dois meninos resolveram sair do prédio com o carro. Pouco depois de
começar a dirigir o veículo, Ítalo o bateu contra a traseira de um ônibus, mas
conseguiu prosseguir até acertar a traseira de um caminhão. Foi quando o carro
parou de vez.
Entre a batida no ônibus e a no caminhão, segundo a versão
dos PMs Silva e De Marqui (que acompanhava o Daihatsu em uma moto da PM), Ítalo
teria disparado duas vezes contra os militares. Quando o carro parou na
traseira do caminhão, o menino teria disparado pela terceira vez. Foi quando De
Marqui e Silva atiraram contra ele. Um dos tiros o acertou na cabeça.
A distância entre o condomínio de onde o Daihatsu foi
levado e o local da morte de Ítalo é de apenas 300 metros. Quando estava na rua
José Ramon Urtiza, o PM Silva havia atravessado um carro da PM para impedir a
passagem do veículo com os meninos. Até aquele momento, ninguém sabia que o
carro era furtado, pois nem mesmo o dono havia dado falta do Daihatsu.
De acordo com registros da polícia, Ítalo havia sido
apreendido outras quatro vezes por suspeita de furto. Também existem dois
registros policiais sobre desaparecimentos do menino.
De acordo com funcionários do condomínio invadido por Ítalo
e pelo amigo de 11 anos, os dois meninos chegaram a circular pelo prédio antes
de levar o Daihatsu. Encontraram com uma moradora, conversaram com ela e, em
nenhum momento, mostraram arma. Para entrar no lugar, eles aproveitaram um
coqueiro plantado perto do muro.
Menino de 11 anos é apreendido por policial militar. Amigo
da criança foi morto por PMs com tiro na cabeça
Menino de 11 anos é apreendido por policial militar. Amigo
da criança foi morto por PMs com tiro na cabeça
Ponte Jornalismo
Outro lado
O Comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel
Ricardo Gambaroni, foi procurado para se manifestar sobre a morte de Ítalo.
Dentre as perguntas que não puderam ser feitas pela reportagem ao chefe da PM,
estão as seguintes: A) A PM não tinha outro método para parar Ítalo?; B) Era
necessário atirar contra a cabeça do menino?; C) Qual é o procedimento
operacional padrão ensinado aos PMs para agir em perseguições a veículos?
A reportagem também solicitou entrevistas com os PMs Silva
e De Marqui, mas a assessoria de imprensa da Polícia Militar de São Paulo não
atendeu ao pedido para que a conversa ocorresse.
O mesmo pedido de manifestação foi feito ao secretário da
Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Mágino Alves Barbosa
Filho.
Tanto Mágino quanto Gambaroni enviaram a seguinte nota
oficial sobre a morte de Ítalo:
“Um menino de 10 anos que havia furtado um carro dentro de
um condomínio na região do Morumbi atirou três vezes com um revólver calibre 38
contra policiais militares que lhe deram ordem de parada. Os PMs revidaram os
disparos e o atingiram. O menino morreu e o colega, de 11, foi apreendido.
O fato aconteceu na noite de quinta-feira (02), na rua José
Ramon Urtiza, Vila Andrade. O garoto era acompanhado por policiais após furtar
um Daihatsu Terios. Na fuga, o garoto bateu contra um ônibus e um caminhão.
Após atirar contra os policiais, houve revide e ele foi atingido. O menino
morreu no local. Um outro garoto de 11 anos que participava da ação foi levado
ao DHPP, onde prestou esclarecimentos e foi entregue aos responsáveis”
Fonte : R7
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