segunda-feira, junho 06, 2016
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Situação real da inadimplência no País é pior do que mostram os indicadores
Situação real da inadimplência no País é pior do que mostram os indicadores
A situação da inadimplência no Brasil é pior do que revelam
os indicadores públicos e privados. É o que afirmam especialistas ouvidos pelo
Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Seja pela diferença de
metodologia seja pela dificuldade hoje de se negativar um devedor em atraso, as
taxas divulgadas não condizem com realidade. Nos Estados de São Paulo e Mato
Grosso vigoram leis que proíbem a inclusão do inadimplente no cadastro negativo
sem prévia comunicação pelos Correios com Aviso de Recebimento (AR).
Só São Paulo responde por 30% de toda a inadimplência
nacional e por 60% a 70% da região Sudeste, segundo dados da Serasa Experian.
Sem os números de devedores atrasados no Estado, os resultados da inadimplência
ficam comprometidos. Por conta disso parte dos birôs de crédito deixou de
divulgar esses dados. É o caso, por exemplo, da própria Serasa Experian. A SPC
Brasil mantém a divulgação, mas exclui a Região Sudeste.
A economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti, atesta
que o número dos inadimplentes no País hoje é seguramente maior que os 59
milhões de pessoas que ficaram com seus CPFs sujos, segundo levantamento da
própria SPC Brasil. Ela explica que do levantamento, já com dados de abril, não
constam os devedores inadimplentes da região Sudeste.
“O mercado de crédito tem trabalhado no escuro. Não
consegue ter uma visão clara do total de inadimplentes”, observou o diretor da
PH3A, empresa especializada em recuperação de crédito, Marcelo Monteiro.
Segundo ele, com a taxa crescente de desemprego há muita gente com dívidas já
atrasadas que os birôs de crédito não conseguiram ainda incluir nas listas de
devedores inadimplentes.
Estudo da Serasa estima em 60 milhões o número de
inadimplentes no País, totalizando dívidas em atraso no montante de R$ 256
bilhões. É a maior marca já registrada desde que a Serasa iniciou a medição, em
2012. À época, 50,2 milhões de pessoas enfrentavam dificuldades para manter em
dia suas contas. De janeiro a março, mais de dois milhões de devedores entraram
na lista por falta de pagamento. Segundo o economista-chefe da Serasa, Luiz
Rabi, os birôs de crédito costumam incluir os clientes nas listas de
inadimplentes depois de 60 dias de atraso nos pagamentos
O período que os serviços de proteção ao crédito consideram
para afirmar que um devedor passou a inadimplente varia e também pode
contribuir para desviar as taxas da situação real. A média de inadimplência das
operações de crédito do sistema financeiro divulgada pelo Banco Central (BC),
por exemplo, é para atrasos superiores a 90 dias. Atingiu em abril 3,7%,
considerando o índice no crédito livre (5,7%) e direcionado (1,7%). A média de
inadimplência apurada pela SPC Brasil no mesmo mês foi de 5,8%.
A questão, segundo Marcela, é que o BC além de divulgar a
média de atrasos acima de três meses, trabalha apenas com as instituições
financeiras. É um setor com elevada capacidade de análise de crédito e de
ajuste de suas carteiras. Há dois anos, pelo menos, vem limpando suas
carteiras. Sem contar que usufrui da prerrogativa de aplicar taxas de juros e
trabalhar no spread (diferença entre o que os bancos pagam na captação de
recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física
ou jurídica) para compensar eventuais perdas. “Nós já consideramos como inadimplência
o primeiro dia de atraso no pagamento”, afirma Marcela.
Monteiro da PHA3A, afirma que a inadimplência de 15 a 90
dias tem se elevado na esteira do aumento do desemprego e deverá continuar a se
expandir já que as expectativas apontam para uma taxa de desemprego de 13% da
População Economicamente Ativa (PEA) até o fim do ano. Esse tipo de
inadimplência não consta dos dados do setor financeiro, ainda.
Segundo Rabi, da Serasa Experian, até mesmo o segmento de
utilities (fornecimento de água, luz e gás) estão registrando atrasos nos
pagamentos. Em março, 17,9% dos R$ 256 bilhões de dívidas em atraso vinham
deste segmento. No mesmo mês do ano passado era 15,1%. As contas de serviços
públicos atrasadas só perdem para os cartões de crédito que até março respondiam
por 27,2% do total de dividas em atraso contra 30,7% em idêntico mês do ano
passado.
“O estoque de inadimplência das utilities não é maior que o
dos bancos, mas cresce a uma taxa superior”, observa Marcela Kawauti. De acordo
com ela, as famílias sempre deram um jeito para pagar suas contas de água, luz,
gás e telefone para não passarem pelo dissabor de ter o fornecimento do serviço
interrompido. Mas a gravidade da crise tem tirado das famílias condições de
manterem e em dia até mesmo as contas de serviços essenciais.
Outro segmento que ultrapassou os percentuais anteriores
foi o de serviços que, pela primeira vez, participou com 11,4% do total dos
débitos em aberto. Em março de 2015, segundo a Serasa, os serviços registravam
9% do total de contas não pagas no Brasil.
Pelo levantamento da SPC Brasil, o nível da inadimplência
das empresas não financeiras nas regiões pesquisadas superam a média dos
atrasos apurados pelo BC nas empresas financeiras. No Nordeste, a inadimplência
é de 7,64%. No Norte é de 4,38%, seguido por Centro-oeste com 4,26% e Sul, com
4,15% e média de 5 8%. “Mas não temos os dados do Sudeste”, reitera Marcela
Kawauti.
A Associação Nacional dos Birôs de Crédito (ANBC) prevê que
os índices de inadimplência só vão se recuperar a partir de 2018. Segundo a
Associação, essa demora deve-se fundamentalmente à tendência de aumento do
desemprego, principal causa da inadimplência a partir de 2015 – que eleva o
endividamento.
Além disso, há uma queda na renda real da população. Se no
ano de 2015, a renda média real do trabalhador teve um recuo de 0,2% em termos
reais, frente ao ano de 2014, apenas no primeiro trimestre deste ano, a queda
na renda real já é de 3,2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
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