O Brasil pode ter o primeiro genérico do medicamento
norte-americano Truvada, que previne contaminação pelo vírus HIV, causador da
aids, e que atualmente é importado pelos brasileiros a um custo elevado. O
Ministério da Saúde também importa componentes do Truvada para distribuição
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a assessoria de imprensa do
órgão.
O genérico foi desenvolvido pela empresa brasileira
Blanver, integrante do grupo de indústrias farmacêuticas que firmaram Parcerias
para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) com o Ministério da Saúde. Segundo as
PDPs, a indústria desenvolve a tecnologia de medicamentos e tem prazo de cinco
anos para transferir essa tecnologia para a Fundação Instituto Oswaldo Cruz
(Fiocruz). No fim desses cinco anos, a Fiocruz domina o processo e passa a
fornecer diretamente para o ministério.
Formulação
A Blanver entrará com o pedido de registro do genérico do
Truvada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nos próximos dias,
informou hoje (5) o presidente-executivo (CEO) da empresa, Sérgio Frangioni. No
momento, o dossiê sobre o genérico está sendo finalizado.
O remédio é composto por dois princípios ativos
(Entricitabina e Tenofovir). Quando tomado diariamente, ele reduz o risco de a
pessoa contrair o vírus. Frangioni disse que já foram cumpridas todas as etapas
do processo de desenvolvimento da droga, incluindo a formulação, iniciada em
2012, a estabilidade do produto e a fase de bioequivalência, quando o genérico
é comparado com o produto de referência e tem sua eficácia comprovada.
Referência
Sérgio Frangioni afirmou que o medicamento referência
(Truvada) foi desenvolvido por um laboratório norte-americano e usado
inicialmente para compor esquemas antirretrovirais para tratamento de pessoas
já infectadas. A partir de 2012, a Food and Drug Administration (FDA), órgão do
governo dos Estados Unidos para controle de medicamentos, entre outros
produtos, liberou a fórmula para uso na prevenção da infecção.
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A estratégia é indicada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) e passou a ser estudada pelo Ministério da Saúde brasileiro como uma
alternativa a mais para diminuir o número de novos casos.
Frangioni adiantou que o Truvada não tem disponibilidade no
mercado nacional e, por isso, é importado atualmente. Esclareceu que a
prevenção “é para indivíduo que não foi exposto”. Já o Ministério da Saúde
fornece o antirretroviral Tenofovir para pessoas com o vírus. “Hoje, o
ministério fornece os medicamentos para tratamento, não para prevenção
pré-exposição. Ele só fornece para prevenção pós-exposição”.
Na Europa e Estados Unidos o Truvada custa 400 euros,
podendo chegar a US$ 1 mil. A fabricação do genérico no Brasil, com o registro
da Anvisa, pode reduzir esse valor para um custo mensal de US$ 100 ou cerca de
R$ 350 mensais.
Grupo de risco
Conforme o Ministério da Saúde, o Brasil registra em média
40 mil novos casos da doença por ano. As principais incidências estão entre
homens que fazem sexo com homens e usuários de drogas injetáveis. “Esse grupo
de risco está muito mais exposto à atuação do vírus”, comentou Frangioni. Com o
genérico do Truvada, a ideia da Blanver é focar nessas pessoas que compõem o
grupo de risco, além de profissionais do sexo, para evitar o crescimento do
número de indivíduos que precisarão de tratamento pelo resto da vida.
“É melhor você prevenir pontualmente do que contrair o
vírus e ter de tomar remédio pelo resto da vida. Isso se demonstrou bastante
eficaz porque, infelizmente, hoje tem muita gente que não faz sexo seguro e
imagina que o tratamento resolverá. A pessoa prefere o risco de pegar a doença,
sabendo que tem um tratamento, mas não sabe as consequências no longo prazo. A
ideia é dar essa ferramenta a mais para os desavisados se conscientizarem”,
acrescentou Frangioni.
Prevenção
Parte do medicamento genérico deverá ser distribuída pelo
SUS e parte será destinada a pacientes fora do SUS. “Se você conseguir reduzir
o número de casos novos, o governo contribuir para isso e a população privada
ter acesso ao medicamento, seria uma ação positiva conjunta”, afirmou o executivo
da indústria farmacêutica. Sua expectativa é que a Anvisa defina o registro ao
genérico em menos de um ano.
O novo medicamento não pretende substituir os métodos de
prevenção já estabelecidos, mas se somar aos métodos existentes, como a
camisinha masculina e feminina e os testes de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DSTs).
Por meio da assessoria, o Ministério da Saúde informou que
ainda não há pedido de incorporação do medicamento genérico do Truvada no
órgão. A Anvisa disse que aguarda a entrada do pedido de autorização da
indústria farmacêutica para avaliação.
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