sábado, julho 02, 2016
Casal “pedindo ajuda” engana ouvintes e emissoras no Ceará
Francisco Gleydson Santos, sua esposa Tainá Kelly Sousa, 18
anos, e seu filho de apenas 7 meses, foram a Rádio Campo Maior em Quixeramobim
no último dia 16 de junho e relataram terem chegado ao município no dia 14 após
receberem uma promessa de emprego no município.
De acordo com o relato do casal, um homem identificado por
Kelton Gadelha, que costumava frequentar há cerca de dois anos a comunidade de
Recanto, em Ipu, onde o casal residia, teria prometido aos dois um emprego de
zeladores em sua suposta fazenda no município de Quixeramobim.
“Antes chegar aqui liguei para ele e perguntei se eu vinha
só e depois quando ele fosse à Ipu traria minha esposa, mas ele disse que eu
podia vir com minha família. Ele me ofereceu um salário mínimo e uma casa para
morar na fazenda. Eu estou desempregado e precisando sustentar minha família.
Acabei aceitando”, disse Gleydson durante o apelo realizado
aos ouvintes.
Logo que a história foi relatada por ele, que inclusive
chegou a chorar na recepção da emissora, diversos ouvintes e até mesmo
funcionários se mobilizaram para contribuir financeiramente na compra das
passagens para que eles pudessem retornar à Ipu. “O pior de tudo é que estavam
com a criança, foi o que me motivou a ajudar”, chegou a relatar uma ouvinte.
Nesta quinta-feira, 30 de junho, a reportagem foi informada
que o mesmo casal com a criança estiveram na Rádio Atitude FM, de Itapajé,
expondo a mesma história, mas como o diretor da emissora já tinha tomado
conhecimento do apelo através de uma matéria publicada no blog Quixeramobim
Agora, foi solicitado que eles se retirassem da emissora.
Como se não bastasse, em um levantamento realizado pelo
blog pelo menos mais sete emissoras, sendo outra de Quixeramobim, uma de
Quixadá, Sobral, Aracati, São Gonçalo do Amarante, Russas e Beberibe,
respectivamente, também foram visitadas pelo casal para realizarem o apelo
narrando o suposto episódio.
A atitude do casal revoltou radialistas e populares que
foram enganados com a história. De acordo com a advogada Liliane de Siqueira
Saraiva, o caso pode ser classificado como estelionato e que deve ser apurado
pelas autoridades policiais a fim de evitar novas vítimas: “A princípio, a
conduta praticada pelo casal se configura como crime de estelionato, pois o
mesmo está enganando as pessoas para obter vantagem, seja em dinheiro ou
produtos. Para esse tipo de crime, a pena de reclusão estipulada é de um a
cinco anos, mas para isso é fundamental que as vítimas registrem a ocorrência
na Delegacia. Agora, pela forma como eles agem, pela lábia que usam, a
desfaçatez, a frieza e o poder de convencimento que apresentam, é possível que
pratiquem outras condutas criminosas, o que deveria ser investigado”, disse.
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