domingo, julho 24, 2016
Estado do Ceará vive pior seca em 66 anos
Iguatu Desde 1950 que o Ceará não enfrentava um período tão
longo de chuvas abaixo da média histórica. Já são cinco anos seguidos, se
persistir o atual quadro. Nesses últimos dois dias não houve registro de
precipitações no Ceará. E a tendência é exatamente essa: ocorrer uma redução na
quantidade pluviométrica.
O cenário é desolador e decorre do fenômeno El Niño, já
previsto pelos institutos meteorológicos do Brasil e de outros países. Faltando
cinco dias para acabar o mês, choveu 41.8% abaixo da média histórica do mês,
que é 188mm.
Pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), David Ferran, observa que a Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), principal sistema de chuva no Ceará de fevereiro a maio
está afastada em direção ao Hemisfério Norte e ao mesmo tempo ocorre a formação
de um centro de alta pressão decorrente do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
(VCAN) que inibe a formação de nuvens.
"O distanciamento da Zona de Convergência aliado ao
centro de Alta pressão vem provocando a ausência de chuva nesses últimos dois
dias no Ceará", disse Ferran. "A tendência em ano em que ocorre El
Niño é a diminuição das chuvas em abril e maio e estamos observando isso,
infelizmente".
Segundo os dados da Funceme, no decorrer deste mês de
abril, a região do Cariri foi a que registrou maior redução de chuva, com
índice negativo de -71.1%. O segundo maior desvio ocorreu no Sertão Central e
Inhamuns (-51.9%), seguido da região jaguaribana (-50.0%). A Ibiapaba registrou
desvio de -40.8% e o Maciço de Baturité de -36.6%. No Litoral Norte até ontem
havia chovido -22.1% da média histórica e no Litoral de Fortaleza o índice
ainda estava negativo em -7.6%. A única região que registrou taxa positiva foi
o Litoral do Pecém (7.5%).
A preocupação dos meteorologistas, do governo, dos
produtores rurais e dos moradores é com a perda seguida da água armazenada nos
açudes no Interior do Ceará. As barragens estratégicas não registraram recarga.
De onde só se tira e não se coloca a tendência é secar, diz o adágio popular e
é exatamente isso que se observa desde 2012 no açudes cearenses.
Com essa redução constante no volume dos reservatórios, no
decorrer dos segundo semestre a crise de desabastecimento de áreas urbanas deve
ser agravar no Interior do Ceará. É provável, se o atual cenário permanecer,
que adutoras fiquem inviáveis por escassez de água nos açudes que fornecem água
para esses sistemas de distribuição para várias cidades.
Além da escassez de água para os açudes, a falta de chuva
preocupa quem insistiu em fazer o segundo plantio. O veranico prolongado de
fevereiro passado destruiu a lavoura plantada na segunda quinzena de janeiro
anterior. As boas chuvas de março animaram alguns produtores, mas a falta em
abril já traz preocupação. "Poderá haver uma segunda perda, com mais
prejuízos para os agricultores", disse o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva.
O meteorologista David Ferran, da Funceme, observa que
desde 1950 que o Ceará não enfrentava uma seca prolongada de cinco anos
seguidos de chuva abaixo da média. O período anterior mais seco foi entre 1979
a 1983, sendo que 1980 foi considerado normal, embora fraco. De 1981 a 1983 a
seca persistiu e no ano seguinte, 1984, veio a cheia dos rios e açudes que
transbordaram.
Para hoje, a previsão da Funceme é de nebulosidade variável
com chuvas isoladas no Centro-Norte ao longo do dia. No Sul, céu parcialmente
nublado. Para amanhã, no decorrer do dia, nebulosidade variável com
possibilidade de chuvas isoladas na faixa litorânea. Nas demais regiões, céu
com poucas nuvens.
Reservatórios
O volume dos 153 açudes monitorados pela Companhia de
Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) é de 12.5% da capacidade. Estão
com volume Inferior a 30% 117. Ainda permanecem sangrando o Gameleira e o
Quandú, em Itapipoca e estão acima de 90% o Caldeirões (Saboeiro),
Maranguapinho (Maranguape), Tijuquinha (Baturité) e Colina (Quiterianópolis).
Mais informações:
Funceme
Telefone: (85) 3101-1117
Site: www.Funceme.Br
Diário do Nordeste.
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