sábado, julho 23, 2016
Governo estuda regra que eleva tempo para se aposentar
O governo estuda propor uma regra de transição no âmbito da
reforma da Previdência que aumentará em 40% o tempo restante para a
aposentadoria. O incremento será o “pedágio” a ser pago pelos contribuintes que
estiverem mais próximos de obter o benefício e, portanto, estariam incluídos na
chamada faixa de transição entre o regime atual e o novo modelo. Para os
demais, deverá valer a idade mínima, que pode ser de 70 anos. Ainda não está
fechado qual será a idade usada como referência para a divisão dos dois grupos.
A proposta dos 40% foi comentada esta semana em uma rede
social pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e confirmada ao
Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, pela pasta. “Para
quem faltasse 10 meses, teria de trabalhar mais quatro. Faltariam 14 meses para
aposentar”, escreveu Padilha.
As centrais sindicais, no entanto, ainda não haviam sido
apresentadas a essa ideia durante as reuniões que têm mantido com o governo
para debater o assunto. Embora o Executivo mantenha o otimismo sobre a
aceitação, líderes sindicais adiantam que não vão acatar a sugestão.
“Não aceitaremos nenhuma regra que aumente o tempo de
trabalho para quem já está no mercado de trabalho”, disse o deputado Paulinho
da Força (SD-SP), presidente da Força Sindical. Para ele, as regras atuais de
aposentadoria são um direito adquirido dos trabalhadores. “Pedágio, nem
pensar”, frisou. Como alternativa, o deputado sugere a criação de uma “Nova
Previdência”, com contribuintes nascidos a partir de 2001. Neste caso, a
central aceitaria que o governo fixasse uma idade mínima para aposentar.
O presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores
(UGT), Ricardo Patah, afirmou que a entidade tem analisado com “cautela” as
propostas do governo e pediu bom senso do Executivo. “Não dá para ficar criando
situações contrárias aos interesses do trabalhador. É tudo nas costas deles”,
disse. Os líderes sindicais engrossaram o coro de que o governo tem de “fazer a
parte dele” para reduzir o déficit na Previdência, estimado em R$ 149,2 bilhões
neste ano.
O marco de divisão entre quem poderá ou não usar a regra de
transição “pode parar em qualquer lugar”, explicou o chefe da Assessoria
Especial da Casa Civil, Marcelo de Siqueira. Segundo ele, a questão ainda está
em estudo e não há sequer definição sobre o que será usado como referência: a
idade, o tempo de contribuição ou uma combinação dos dois.
Na prática, a ideia é que haja dois grupos, um que vai se
aposentar pela regra de transição e outro que terá de esperar a idade mínima. A
regra de corte é que vai dizer quem vai se encaixar em qual. “Para quem está
próximo de se aposentar, não é idade mínima (que vai valer)”, disse Siqueira.
Em outra versão do novo modelo, o governo não descarta
excluir a trava que dividiria os dois grupos. Neste caso, o próprio
beneficiário poderia visualizar qual regime seria mais vantajoso. Para quem até
hoje contribuiu pouco à Previdência será mais negócio aderir à idade mínima,
entende o governo. Em relação à idade mínima, a ideia é mesmo fixá-la em 70
anos. A avaliação é de que outros países onde a idade mínima está em torno de
65 anos já analisam a necessidade de aumento. “Como queremos reforma de médio e
longo prazo, temos de pensar lá na frente”, justificou Siqueira.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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