sexta-feira, agosto 19, 2016
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Michel Temer exclui 10 milhões de famílias do Bolsa Família
Michel Temer exclui 10 milhões de famílias do Bolsa Família
Plano de Temer exclui mais de 10 milhões de famílias do
Bolsa Família. Ao voltar-se apenas para os 5% dos mais pobres entre todos os
pobres, nem a extrema pobreza será atendida pelo programa. Desigualdade tende a
se aprofundar
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Com as mudanças previstas, Bolsa Família deverá beneficiar
apenas uma em cada quatro famílias nordestinas que necessitam do benefício
Cida de Oliveira, RBA
Se a proposta de meta fiscal do governo interino de Michel
Temer vier a ser implementada, os programas sociais deverão ser fortemente
atingidos. O Programa Bolsa Família (PBF), especialmente, deixará de atender a
10 milhões de famílias pobres que necessitam do benefício. A estimativa é do
estudo Os impactos do Plano Temer nas políticas sociais: o caso do Bolsa
Família, lançado hoje (25) pela Fundação Perseu Abramo (FPA), em São Paulo.
Trata-se do primeiro de uma série que será produzida a partir do monitoramento
da Fundação sobre as políticas de Temer.
Conforme destacou o presidente da FPA, o economista Marcio
Pochmann, na era Temer, o sistema público deverá voltar-se fundamentalmente aos
5% mais pobres. Isso porque, segundo o documento “Uma Ponte para o Futuro”, do
PMDB, esse percentual não estaria inserido na economia e reside em comunidades
isoladas, esparsas, somente para os quais os equipamentos e serviços públicos e
programas de sustentação de renda devem ser descentralizados. Assim, não
haveria necessidade do programa nas regiões metropolitanas.
Segundo as informações oficiais do IBGE e disponíveis na
Pnad de 2014, o contingente dos 5% mais pobres seria de 3,4 milhões de
famílias, equivalendo a cerca de 12,2 milhões de pessoas. O rendimento médio
dessas famílias era de apenas R$ 176 mensais (R$ 5,87 por dia para família ou
R$ 1,63 per capita ao dia). Para o ano de 2014 e o mesmo parâmetro de pobreza,
contabilizava-se pela Pnad o contingente de 14,3 milhões de famílias de pobres.
Pelo PBF, 13,9 milhões de famílias eram atendidas em abril de 2016, o que
equivalia a cobertura de 97,3% dos pobres estimados pelas informações do IBGE
de 2014.
“As pessoas das regiões urbanas, onde há grandes bolsões de
extrema pobreza, deverão ser as mais afetadas por mudanças no programa. Em São
Paulo, o estado mais rico, a pobreza está nos grandes centros, em bairros que
concentram as famílias mais pobres”, destacou Pochmann. Ele lembrou ainda
posicionamento do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), para quem o país
não tem condições de manter os direitos que a Constituição garante, entre eles,
a universalidade do acesso à saúde.
Em 2015, enquanto deputado federal relator do Orçamento
Geral da União, Barros propôs oficialmente o corte de R$ 10 bilhões de recursos
para o Bolsa Família, levando à retirada de 23 milhões de pessoas do programa
de transferência de renda, sendo 11 milhões de crianças e adolescentes de até
18 anos. “Agora ministro, ele vive defendendo a repactuação, como na Grécia,
que cortou as aposentadorias”, disse.
Segundo o estudo, a implementação da proposta do Plano
Temer vai afetar a todas as regiões. Porém, o Centro-Oeste, que atualmente
possui a maior cobertura nacional pelo programa, passaria a ter a menor
proporção de cobertura, com apenas 20% das famílias assistidas (137,7 mil
famílias). Na sequência, a região Norte, com 21,2% (370 mil famílias), região
Sul, com 21,8% (236 mil), Sudeste, com 22% (843 mil famílias), e Nordeste, com
25,9% (1,8 milhão de famílias).
Todos os estados serão prejudicados, porém, a situação será
mais grave no Amapá (16,1% de cobertura e somente 9,5 mil famílias atendidas),
Rio de Janeiro (16,3% e 133,3 mil famílias), Distrito Federal (18,2% e 20,1 mil
famílias), e Paraná (19,3% e 86,3 mil famílias atendidas). Não existem estados
os quais possam ser enquadrados como pouco prejudicados.
Na região Centro-Oeste, 20% das famílias que necessitam do
benefício serão excluídas. No Nordeste, só um quarto delas será beneficiada.
Serão 7 milhões de pessoas desassistidas só no Nordeste.
A Bahia, hoje o estado com maior número de bolsistas,
deverá ter 1.3 milhão de famílias excluídas. Em São Paulo, o segundo, será 1,1
milhão. Minas Gerais, 1 milhão de famílias, Ceará, 840 mil, e Pará, 700 mil
famílias.
Apenas a região Nordeste contará com 5,1 milhões de
famílias em situação de pobreza não atendidas. As regiões Sudeste com 3
milhões, Norte com 1,4 milhões, Sul com 850 mil e Centro-Oeste com 550 mil,
completam o quadro da possível tragédia social que se avizinha.
Do conjunto das 10,5 milhões de famílias passíveis de
exclusão pela proposta do Plano Temer, 49,6% pertencem à região Nordeste, 25,5%
ao Sudeste, 12,9% ao Norte, 6,5% ao Sul e 5,5% ao Centro-Oeste. E da economia
dos R$ 20,9 bilhões, 51,7% deixarão de ir para a região Nordeste, 23,1% ao Sudeste,
14,5% ao Norte, 5,8% ao Sul e 5% ao Centro-Oeste.
“Impacto social significativo, com agravamento da situação
de uma população vulnerável, com baixa escolaridade, com história de exclusão
social. Haverá aumento da pobreza, subnutrição, violência, com maior impacto
sobre o sistema de saúde. E evasão escolar, já que a frequência à escola é
condição para recebimento da bolsa. Poucos estados mantiveram seus programas de
transferência de renda, desarticularam-os, reunindo-se em torno do programa
federal. Há cidades em que mais da metade da população está na pobreza”, disse
o economista.
Pochmann lembrou que nos governos petistas de Luiz Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff as políticas sociais foram mantidas mesmo
durante a grave crise de dimensão global iniciada em 2008. “O Brasil rompeu com
o padrão governamental de internalizar medidas recessivas, como era desde 1981.
Com isso, não houve corte de gastos sociais, o que permitiu proteger melhor a
população em geral, sobretudo a situada na base da pirâmide social”, disse.
Inovador ao reunir várias políticas de transferência de
renda, o Bolsa Família é reconhecido e premiado no Brasil e no exterior.
Pagando um benefício em média de R$ 160, é responsável por retirar 36 milhões
de pessoas da linha de pobreza e ainda é um mecanismo que estimula economias
regionais. De acordo com dados do Ipea, para cada R$ 1 gasto com o Bolsa
Família, são adicionados ao PIB R$ 1,78.
Segundo Pochmann, é assim porque a família pobre precisa
gastar uma parcela maior de sua renda mensal do que outras classes econômicas.
“Assim, os R$ 27,6 bilhões gastos em 2015 com transferência aos beneficiários
incrementou o PIB do mesmo ano em R$ 49,2 bilhões”, disse. “Enquanto os Estados
Unidos comprometem 2% de seu PIB em programas focalizados, o Bolsa Família
respondeu em 2015 por 0,46% do PIB brasileiro.
Fonte: Pragmatismo Político veja aqui o impacto temer no Bolsa Família
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