quinta-feira, agosto 18, 2016
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Mulheres denunciam torturas praticadas a presos por agentes penitenciários da Fipi no Presídio do Carrapicho
Mulheres denunciam torturas praticadas a presos por agentes penitenciários da Fipi no Presídio do Carrapicho
Denúncias graves da prática de torturas foram encaminhadas,
ontem, à Assembleia Legislativa por mulheres de detentos que hoje cumprem pena
ou aguardam julgamento na Unidade Prisional Desembargador de Oliveira Barros
Leal, o Presídio do Carrapicho, localizado no Município de Caucaia, na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF). Conforme relatos de um grupo de mulheres de
presos daquela cadeia, os maus-tratos passaram a ocorrer com a chegada ao local
de 50 agentes da Força Integrada Penitenciária de Interveção (Fipi), uma
espécie de grupo de elite de agentes subordinados ao Ministério da Justiça.
Cerca de 50 agentes teriam vindo ao Ceará substituir a
tropa da Força Nacional de Segurança (FNS) para auxiliar o Governo do Estado a
retomar os presídios após a mega-rebelião que destruiu seis unidades do Sistema
e deixou 14 mortes, além do registro de mais de mil fugas.
Em entrevista exclusiva ao programa “Ceará News”, na manhã desta
quinta-feira (18), uma das mulheres revela a prática de gravíssimos maus-tratos
aos detentos do Carrapicho. Segundo ela, dos cerca de mil detentos que ali
estão recolhidos, cerca de 250 estão há três semanas cumprindo castigo,
isolados numa área onde ocorrem espancamentos diariamente e outros tipos de
torturas, como obrigá-los a ficar sentados no pátio em meio ao sol, o que tem
causado queimaduras graves.
Outra prática diz respeito aos espancamentos com o uso de
cassetetes e tonfas, mesmo os detentos estando dentro das celas. “Eles mandam
os presos colocar as mãos para fora da cela, pelas grades, e começam a bater
com cassetete. Todos estão com as mãos muito inchadas e alguns com mãos e
pulsos quebrados devido aos espancamentos”, disse a denunciante.
Espancamentos
Ainda de acordo com as denúncias, os agentes da Fipi usam
diariamente spray de pimenta para tortura os detentos, além de espancá-los por
qualquer e mais simples motivo ou mesmo sem nenhum, apenas para agredi-los. “Se
apenas o preso levantar a cabeça diante deles (dos agentes), já começam a ser
espancados com as mãos na cabeça”.
Fotografias tiradas de celulares mostram graves lesões por
espancamento e queimaduras causadas pela exposição demasiada ao sol.
Além das agressões físicas, castigos e insultos, os detentos
do Carrapicho ainda tiveram alimentos, ventiladores, colchões, cobertores e
roupas retirados das celas e destruídos. Até mesmo a comida levada pelas
visitas é recolhida após a visitação e jogada no lixo. Fotografias e imagens
mostram o resultado da ação abusiva dos agentes.
Por FERNANDO RIBEIRO
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