domingo, setembro 18, 2016
48% dos óbitos são provocados por doenças crônicas no Ceará
No Ceará, a cada 100 óbitos registrados, 48 são provocados pelas
doenças cardiovasculares, respiratórias, hipertensivas, vários tipos de câncer
e a diabetes mellitus, as chamadas enfermidades crônicas não transmissíveis
(DCNTs). Os dados, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), são referentes a
2015 e fazem parte do boletim mais recente divulgado pelo órgão que leva em
conta um período de 18 anos, entre 1997 e ano passado.
Ainda de acordo com a Sesa, esse percentual já foi bem menor. Em
1997, as DCNTs representavam um terço ou 32,7% da morbimortalidade no
território cearense. No intervalo, aponta a secretaria, houve um avanço de
59,5%. Elas matam mais do que a violência urbana, trânsito e doenças transmissíveis,
incluindo aí, HIV/Aids, DST, hepatites ou as provocadas pelo mosquito Aedes
aegypti.
Entre as principais causas, obesidade, inatividade física, uso
excessivo de bebidas alcoólicas e tabagismo. Aliados a eles, afirmam
cardiologistas, outros diversas causas são determinantes e condicionantes como
as questões socioeconômicas, culturais e ambientais, identificados na base das
desigualdades do processo saúde-doença. O avanço das DCNTs no Brasil e Ceará
motivou o Ministério da Saúde a lançar, ainda em 2011, um Plano de Ações
Estratégicas para o enfrentamento dessas moléstias e, principalmente dos
fatores de riscos.
De acordo com o boletim divulgado pelo órgão estadual, dentre as de
maior aumento no período de 18 anos, destacam-se a doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) com elevação de 68%, seguido da diabetes mellitus com 29% e
neoplasias com 11,3%.
Crescente
O boletim indica que quando se analisa as taxas de mortalidade por
causas específicas, é observado um comportamento crescente em todas elas,
destacando-se as doenças cerebrovasculares como as de maiores taxas de
mortalidade, apresentando em 1997 a taxa de 34,2 e 2013 de 52,2 por 100 mil
habitantes.
As hipertensivas tiveram um salto de 403,8%, passando de 5,2 para
26,2 para cada grupo de 100 mil pessoas. Além delas, a diabetes mellitus com
aumento de 147,9%, saltando de 9,8 para 24,3 pelo mesmo grupo e as cardiopatias
isquêmicas de 127,9%, saltando de 21,5 para 49,0 por 100 mil habitantes.
"O fumo é responsável por 71% dos casos de câncer de pulmão, 42% dos casos
de doença respiratória crônica e quase 10% dos casos de doenças cardiovasculares.
Inatividade física aumenta em 20% a 30% o risco de mortalidade", alerta o
cardiologista do Hospital do Coração, de Messejana, José Carlos Pompeu.
As emergências estão lotadas, salienta o especialista. "Gente
enfartando, com quadro de acidente vascular cerebral (AVC), de isquemia
cardíaca, aneurisma da aorta, perda de visão, entre outras. Praticamente todas
são provocadas pela obesidade, colesterol alto, cigarro, hipertensão arterial,
entre outras", afirma Pompeu.
Para ele, a arteriosclerose, produzida pelo acúmulo de placas de
gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes arteriais, responsáveis
por levar sangue e oxigênio por todo o corpo, é de grande preocupação para a
área médica. Pompeu compara a artéria com um cano de água. "Enferrujado é
diabetes; com ação corrosiva, o colesterol; com rachaduras, o cigarro e com
muita pressão, a hipertensão. É preciso cuidar para evitar a degeneração
delas", exemplifica o médico cardiologista.
As informações acerca do aumento das DCNTs entre os anos de 1997 e
2015, na avaliação do especialista, justificam a realização do monitoramento
continuado da ocorrência deste conjunto de doenças, de tal forma que os
tomadores de decisão tenham subsídios para elaboração de políticas públicas
efeitvas de promoção da saúde, vigilância, prevenção e assistência dessas
doenças, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Diário do Nordeste
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