sexta-feira, setembro 23, 2016
Climatempo detecta 'condição favorável' para chuvas em 2017 no CE
As condições presentes atualmente no oceano Pacífico equatorial
apontam para uma boa estação chuvosa em 2017 no Ceará e no Nordeste, com chuvas
na média ou até acima dela. A previsão é do metorologista Alexandre Nascimento,
do Climatempo, que prevê também chuvas irregulares nos meses de outubro,
novembro e dezembro. "Nos próximos meses a expectativa é de que chova bem
mais que nos últimos anos”, diz.
"A condição para que ocorram chuvas acima da média histórica é
infinitamente melhor que a dos últimos anos. Nós já vínhamos com chuvas
irregulares desde 2012. No último ano, com o super El Niño que se formou, foi o
último prego para fechar o caixão. Para o próximo ano, mesmo que a La niña não
se forme – oficialmente, [existe] uma condição mais fria do que o normal no
Pacífico equatorial, que se desenha favorável ao Nordeste".
O El Niño é o aquecimento anormal do oceano Pacífico equatorial que
provoca mudanças na circulação da atmosfera, causando fenômeno como secas e
enchentes em várias partes do globo. O La Niña, por sua vez, é o oposto. O
fenômeno é responsável pelo esfriamento das águas do oceano Pacífico e, como
consequência, as águas do Atlântico sofrem um aquecimento para que haja um
equilíbrio na temperatura atmosférica.
“Acredito que [as chuvas] não sejam suficientes para recompor de
vez os reservatórios, que estão abaixo da normalidade, mas já começa a sair do
abismo hidrológico que entrou nos últimos anos. Praticamente em todo o período
[outubro, novembro e dezembro] , a gente deve ter aí grande parte da região com
chuvas acima da média”, diz.
Reservatórios
Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), dos
153 açudes do Ceará, 129 estão com volume abaixo de 30%, 92 reservatórios estão
com volume abaixo de 10% e 25 estão secos. Quarenta e cinco alcançaram o
chamado volume morto, ou seja, atingiram a reserva de água reserva de água mais
profunda da represa, que fica abaixo dos canos de captação. Juntando o volume
das 12 bacias que abastecem o estado do Ceará, o volume de água armazenado no
estado está em 9,3%.
O principal reservatório do Estado, o açude Castanhão, que abastece
a Grande Fortaleza, chegou ao pior nível desde que foi construído: 6,47%, o que
representa 445,6 milhões de metros cúbicos. O Castanhão não chega a este nível
desde 2004, quando 5,5 bilhões de metros cúbicos, dos 6,7 bilhões de capacidade
máxima, foram cheios em apenas 40 dias.
A Barragem do Castanhão é o principal complexo hídrico responsável
pelo abastecimento humano de Fortaleza e sua Região Metropolitana. Cerca de 3,8
milhões de pessoas dependem das águas do Castanhão. Em 2016, as chuvas no
primeiro semestre ficaram 25% abaixo da média histórica no Ceará, de acordo com
a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Chuvas
O período de chuvas, no Ceará, pode ser dividido em três fases -
pré-estação, estação e pós-estação – e se estendem de dezembro a meados de
junho. As chuvas que ocorrem em dezembro e janeiro, chamadas de chuvas de
pré-estação, são causadas basicamente por frentes frias que vem do Sul, o que
acaba afetando a atmosfera do Nordeste.
O segundo momento das chuvas é aquele que vai mais ou menos de
fevereiro a maio. Essa estação de chuva é causada por um sistema chamado de
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), é o sistema meteorológico mais
importante na determinação de quão abundante ou deficiente serão as chuvas no
Norte do Nordeste do Brasi .
A ZCIT se forma pelo encontro dos ventos úmidos do hemisfério sul e
do hemisfério norte e age sobre o Norte e Nordeste durante o verão e o outono.
De maneira simplista, pode-se dizer, que a convergência dos ventos faz com que
o ar, quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis
da atmosfera ocorrendo a formação das nuvens.
Após as chuvas da estação, existe uma última chuva, que ocorre nos
meses de maio, junho, e até se esticam um pouco mais. Essas chuvas são chamadas
pela meteorologia de chuvas de pós–estação. Elas vêm do leste, do Oceano
Atlântico, passando pelos litorais de Pernambuco e Paraíba, e podem atravessar
as chapadas do leste do Ceará e chegar ao sertão e até mesmo a Fortaleza. Essas
chuvas são causadas pelo que os meteorologistas chamam de “ondas de leste”. De
acordo com os meteorologistas, não têm suas causas bem conhecidas e, por essa
razão, difíceis de prever com antecedência de mais de algumas semanas.
G1
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