quarta-feira, janeiro 18, 2017
Ceará terá inverno com média histórica neste ano
Em evento realizado no auditório do Palácio da Abolição, nesta
quarta-feira (18), o Governo do Ceará divulgou, por meio da Fundação Cearense
de Meteorologia (Funceme), órgão vinculado à Secretaria de Recursos Hídricos
(SRH), o prognóstico para a quadra chuvosa de 2017. Depois de cinco anos de
seca, a probabilidade de chuvas dentro da média histórica é de 40% para os
meses de fevereiro, março e abril. O cenário inspira cuidados e continuidade
nas ações de segurança hídrica.
Apresentado pelo presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, o
prognóstico trouxe as probabilidades de cada uma das três categorias (abaixo,
em torno e acima da média histórica) referentes ao acumulado de precipitações
dos próximos meses. No Ceará, há 30% de probabilidade para a categoria abaixo
da média, 40% para a categoria em torno da média e 30% para a categoria acima
da média.
Com relação aos setores do Estado, no noroeste a probabilidade para
a categoria abaixo da média é de 25%, para a categoria em torno da média é de
35% e para a categoria acima da média é de 40%. Já no sudeste as probabilidades
apontam 35% para a categoria abaixo da média, 40% para a categoria em torno da
média e 25% para a categoria acima da média.
Eduardo Sávio explicou que haverá uma ligeira tendência de chuvas
acima da média para o setor noroeste do Estado do Ceará e, para o setor
sudeste, uma tendência de chuvas em torno da média. “O setor sudeste é o que
mais nos preocupa por conta do aporte de água dos reservatórios mais
estratégicos do Estado. Em anos normais, que é a categoria mais provável, nós
temos 50% de chances de ter escoamento significativo nos reservatórios. Então
significa que teremos aí cerca de 55% de probabilidade, com base na previsão,
de nós não termos escoamentos significativos para reservatórios como o
Castanhão, Orós, etc”, observou.
O presidente da Funceme salientou ainda que, para o segundo
semestre de 2017, se tem um indício que coloca uma preocupação para 2018 de
aumento das probabilidades de surgimento do El Niño. “É uma preocupação forte
para termos mais cuidado com a água neste momento de crise no Ceará. Por isso,
nós temos que ter cuidado no uso da água. O nosso trabalho a partir de hoje é
exatamente colocar o cenário de previsão não só de chuva, mas de vazão que nós
já rodamos para a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, para fazer cenários
de alocação. A partir daí, os impactos previstos vão ser analisados e as
medidas serão tomadas para o horizonte deste ano”.
No mês de fevereiro, a Funceme vai elaborar e divulgar um novo
prognóstico meteorológico sobre a quadra chuvosa, em referência aos meses de
março, abril e maio deste ano.
Preparação diante das previsões
Presente na solenidade, o secretário Chefe do Gabinete do
Governador, Élcio Batista, ressaltou o empenho da atual gestão estadual para
evitar que a crise hídrica se alastre e atinja o cotidiano da população
cearense. Élcio lembrou do planejamento traçado pelo governador Camilo Santana
desde 2015, colocando como prioritárias as ações de segurança hídrica, como
também o trabalho incessante de órgãos como Companhia de Água e Esgoto do Ceará
(Cagece), Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cogerh), Superintendência de
Obras Hidráulicas (Sohidra), Funceme e Defesa Civil.
“O quinto ano de seca traz um impacto social muito grande. E nisso
vale destacar o trabalho do Governo do Ceará, com apoio do governo federal,
junto a uma rede de política de proteção social, que tem garantido que aquelas
imagens que a gente via no passado a gente não veja se repetir mesmo no quinto
ano seguido de seca. Não temos as pessoas desesperadas migrando para Fortaleza
em busca de alimentos, justamente porque os programas do governo federal
relacionados a esse sistema de proteção social tem sido muito eficientes em
parceria com o governo estadual”, disse o secretário, citando o Programa
Garantia Safra, Bolsa Família, Programa Nacional de Agricultura Familiar, assim
como um conjunto de políticas públicas para administração dos anos de seca.
Élcio Batista lembrou que, apenas em 2016, o governo Camilo Santana
investiu mais de R$ 400 milhões em ações relacionadas à segurança hídrica,
mesmo dentro de um cenário de crise econômica enfrentado por todo o país,
citando o Plano Estadual de Convivência com a Seca – elaborado em 2015 por
Camilo Santana e sua equipe – como fundamental para o enfrentamento das
questões climáticas e da falta de água no Estado, destacando a importância das
ações emergenciais e estruturantes dentro das perspectivas a curto, médio e
longo prazos no Ceará. Outro destaque é o Plano de Segurança Hídrica para a
Região Metropolitana de Fortaleza, a perfuração de poços no Pécem, inauguração
de Estação de Tratamento de Água (última realizada no Açúde do Gavião), o
programa de adutoras, a Tarifa de Contigência implementada no Ceará e o
trabalho de monitoramento da Cagece contra o mal uso da água no Estado.
“O Ceará só está conseguindo enfrentar esse quinto ano de seca,
quando muitas pessoas nem percebem, porque quando abrem a torneira a água está
chegando lá do mesmo jeito que chegava antes, justamente pelo trabalho que se
iniciou no final da década de 1980 na constituição do Sistema de Recursos
Hídricos. Estamos vendo o quanto ele foi importante, com obras estruturantes,
obras de médio prazo, de longo alcance, mas que estão dando conta e
funcionando. Se não tivéssemos o Eixão das Águas, talvez hoje Fortaleza
estivesse vivendo um período que nem sei dizer como estaríamos enfrentando. O
Governo do Estado está fazendo uma obra estruturante super importante, que é o
Cinturão das Águas. Uma obra para dar frutos daqui a quatro, cinco anos, mas
quando ela se concretizar aí que a gente vai entender a importância real para o
Ceará”, disse.
Em 2016, lembrou Élcio, Camilo Santana instituiu no gabinete um
grupo de contingência e de tomada de decisão, que se reúne semanalmente – uma
vez por mês com o governador – para tomadas de decisões acompanhamento de todos
os 184 municípios do Estado do Ceará, sob coordenação do próprio secretário,
mas com a presença de todos os representantes do setor de recursos hídricos do
Estado. “Se hoje não temos nenhum município em colapso absoluto de água, é
graças a esse trabalho que tem sido feito. Um trabalho que reúne milhares de
trabalhadores, servidores públicos que vêm se empenhando de forma fundamental”,
finalizou.
Gestão hídrica
O secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Francisco
Teixeira, afirmou, durante o evento de apresentação do prognóstico, que o
estabelecimento de ações emergenciais e estruturantes deve continuar
independente das previsões, visto que não há garantias de que haverá melhoras
significativas dentro do quadro de seca apresentado no Estado há cinco anos.
“Nós temos nos preocupado, desde quando o governador Camilo Santana
assumiu o governo, em estabelecer ações emergenciais no caráter da celeridade
para implantação, mas que fossem ações estruturantes. Vamos continuar com a
implementação de ações tanto de gestão da oferta e da demanda, como de
ampliação da infraestrutura hídrica para buscar novas fontes, e é lógico,
acelerar essas ações. O Governo do Estado tem feito todos os esforços para
viabilizar essas ações”, disse.
Teixeira expôs que é importante chamar a atenção de todas as
instâncias no Estado para o estado de emergência na gestão de recursos hídricos
dos municípios cearenses, como também facilitar os processos administrativos
para desenvolver cada vez mais melhores ações e assegurar economia de água e
consumo mais inteligente pela população. “São situações essenciais para se conviver
com essa seca”, afirmou.
Sobre a probabilidade de se ter um El Niño no próximo ano, o
titular da pasta dos Recursos Hídricos afirmou que é preciso, ocorrendo ou não
o fenômeno em 2018, haver um aprofundamento no desenvolvimento de mecanismos
adequados para garantir a segurança das fontes de água em todo o Estado.
Teixeira lembrou que hoje, na Região Metropolitana de Fortaleza, está sendo
economizado algo próximo a 2m³ por segundo, sem precisar de racionamento
clássico, apenas com ações voltadas ao Plano Estadual de Convivência com a
Seca.
O secretário afirmou que no final do mês será estudado junto à
Funceme novas alternativas, depois da concretização de novo prognóstico sobre a
quadra chuvosa. A exploração de mais águas subterrâneas, adutoras, poços,
dentre outras alternativas, devem ser amadurecidas, segundo ele. “O Castanhão
está numa região de probabilidade de ter chuva abaixo da média. Em compensação,
o Maciço de Baturité, que é uma área fundamental e que abastece a Região
Metropolitana, está ali na interface entre as duas áreas. Podemos ter um bom
aporte na RMF. Assim como o Orós, que está na bacia do Jaguaribe, pode ter um
aporte mais representativo do que o Castanhão, e o Banabuiú também. Então, o
prognóstico da Funceme é algo que temos de aprofundar melhor, cruzar com os
dados das nossas bacias hidrográficas e dos nossos reservatórios”, exemplificou
o secretário.
Com Funceme
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