quarta-feira, fevereiro 08, 2017
Meteorologistas demonstram pessimismo com quadra invernosa no Ceará
“Estamos caminhando para condições menos favoráveis. Já havíamos
observado isso, mas não divulgamos porque o panorama poderia ser revertido”. A
declaração do meteorologista da Funceme soa como desalento para as informações
anteriores que davam conta de uma quadra invernosa acima da média.
De acordo com análise do Ministério da Ciência Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC) o Ceará tem a pior situação no Nordeste. Isto
porque, diferentemente dos estados a Leste, que sofrem influência de outros
sistemas pluviométricos, o Ceará depende essencialmente da Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT).
“Os ventos alísios de sudeste estão mais fortes do que a média. Quando
os ventos estão mais intensos, evapora mais água e a temperatura do mar cai.
Durante março, abril e maio, a ZCIT procura região de águas mais quentes”,
detalha o pesquisador do Centro de Previsões de Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC), Paulo Nobre. A instituição é ligada ao MCTIC.
O modelo descrito pelo especialista já havia sido identificado em
janeiro e se intensificou no início deste mês, mais precisamente no último dia
3. “Demos mais duas semanas para ver alguns campos que poderiam se modificar e
indicar uma condição de mais pluviometria. Eles não se alteraram”, cita.
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme),
Raul Fritz confirma a análise, e aponta o resfriamento das águas do Atlântico
Sul como causa para a queda na probabilidade de chuvas. “Na época da primeira
previsão havia um dipolo favorável no Oceano Atlântico. As águas próximas ao
Nordeste estavam mais quentes que as acima do Equador. Agora está um dipolo
desfavorável para a chuva. E ele é o que regula a ZCIT”, afirma.
Segundo ele, a partir do próximo dia 15 será possível fazer um
segundo prognóstico para o período, com mais clareza. “A primeira previsão
causa mais impacto, mas, na segunda, o Oceano está mais estabilizado”, diz. No
fim de janeiro, o MCTIC divulgou que havia 40% de probabilidades de chuvas
abaixo da média no Ceará, 35% na média e 25% acima da média. O prognóstico da
Funceme, divulgado alguns dias antes, dava conta de que as chances de
precipitações na média histórica eram de 40%, 30% de chances de ser abaixo e
30% de ser acima.
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