A taxa de homicídios do Ceará cresceu 122,8% no Ceará de 2005 a
2015, segundo dados divulgados, nesta segunda-feira (5), pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP). O estudo listou Maracanaú (6º), Fortaleza (13º) e
Caucaia (27º) entre as 30 cidades mais violentas do País.
O Atlas analisou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade
(SIM), do Ministério da Saúde, referentes ao intervalo de 2005 a 2015, e
utilizou também informações dos registros policiais publicadas no 10º Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP.
Para listar os 30 municípios potencialmente mais violentos do
Brasil em 2015, o estudo considerou as mortes por agressão (homicídio) e as
mortes violentas por causa indeterminada (MVCI).
A capital cearense e São
Luís, no Maranhão, são as únicas capitais brasileiras presentes nesta lista.
Nordeste com 18 das 30 cidades listadas
Conforme o estudo do Ipea intitulado Atlas da Violência 2017, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes
no Ceará em 2005 era de 21%. Já em 2015, chegou a 46,7%. No Brasil, o Ceará
fica atrás somente do Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranhão e Tocantins. Os
estados que apresentaram crescimento superior a 100% nas taxas de homicídio no
período analisado estão localizados nas regiões Norte e Nordeste.
Em relação ao número absoluto de assassinatos, o Ceará somou 32.191
na década 2005-2015, o que representa um crescimento de 145%. No somatório de
homicídios, no Nordeste o estado fica atrá somente da Bahia (55.401) e
Pernambuco (42.368). No geral, São Paulo lidera com 72.667.
VARIAÇÃO DA TAXA DE HOMICÍDIOS
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Custo envolvendo assassinato de jovens no Brasil equivale a 1,5% do
PIB
Mais do que uma tragédia social, a alta taxa de homicídios de
jovens no Brasil também tem reflexo econômico. Segundo os pesquisadores que
elaboraram o Atlas da Violência no Brasil 2017, o custo envolvendo o
assassinato de jovens entre 15 e 29 anos equivale a 1,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) do País, mesmo valor aplicado em políticas de segurança pública.
O estudo apontou que, em 2015, o Brasil registrou 50.080
assassinatos. "É como se caísse um Boeing 737 todos os dias no
Brasil", comparou Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP). Do total de mortos naquele ano, 31.264 eram jovens e adolescentes,
o que faz com que a média de assassinatos na população jovem seja o dobro da
média nacional.
Na série histórica entre 2005 e 2015, 318 mil jovens e adolescentes
foram vítimas de homicídio no Brasil. A população negra é a mais afetada pela
violência. "A gente sabe que a violência tem cor também. O negro é o que
está mais vulnerável. De cada 100 homicídios no Brasil, 71 são de negros",
apontou Samira. "Tem outro fator: a taxa de homicídios entre não negros
caiu 12,2%, enquanto que a de negros aumentou 18,2%." Entre mulheres, a
diferença é ainda maior. "Em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas, não
necessariamente por feminicídio", destacou a diretora do FBSP, alertando
para o crescimento do número de mortes entre mulheres negras. "Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios
de mulheres não negras diminui 7,4%. Já entre as mulheres negras, cresceu
22%."
Durante a apresentação do estudo, conduzido pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pesquisador Daniel Cerqueira apontou a
prevalência do número de armas de fogo nos casos de homicídio. Cerqueira
apresentou um slide com a mesma arte utilizada pelo Ministério Público Federal
do Paraná em uma das denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Ele colocou a inscrição "arma de fogo" em um círculo no centro
do slide, com diversos outros círculos tipificando crimes apontando para o
centro.
A semelhança não parou por aí. "Aí, vocês vão me perguntar:
isso é só convicção? Não, nós temos provas", afirmou. O pesquisador citou
estudos internacionais que fazem apontamentos sobre a relação entre armas de
fogo e assassinatos e fez um paralelo com os dados levantados no Atlas da
Violência. "Não por coincidência que os Estados em que têm maior
prevalência de armas de fogo são também os que tiveram os maiores índices de
homicídios", considerou.
Para ele, a redução nos índices de violência passa por políticas de
segurança efetivas. "Quando existem governos comprometido com a segurança
pública, mas não baseada no achismo, e, sim, no método, temos boas
perspectivas", destacou. Ele citou os casos de Pernambuco e Espírito
Santo, que chegaram a ter períodos de redução nos índices de assassinato.
Depois, citando o motim da Polícia Militar capixaba em fevereiro,
período que registrou quase 200 assassinatos em menos de três semanas,
lamentou. "Isso só mostra a fragilidade das ações que vêm sendo feitas no
País." Para Samira Bueno, é necessária uma maior presença do governo
federal na área de segurança. "A gente não vê outra saída que não um
protagonismo da União em políticas de segurança pública, sobretudo voltadas aos
homicídios."
Redação DN
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