Pelo menos 136 professores do Rio Grande do Norte disseram que já
foram vítimas de atentados contra a vida. Outros 537 profissionais sofreram ameaças
dos seus próprios alunos, segundo o Anuário da Violência Pública, lançado nesta
segunda-feira (30). Os números foram levantados por meio da Avaliação Nacional
do Rendimento Escolar realizada, em 2015.
Na pesquisa, 308 professores também afirmaram que foram vítimas de
furtos dentro da escola e 92 sofreram roubo mediante ameaça, dentro do ambiente
de trabalho.
Ao captar a percepção de diretores e professores sobre a ocorrência
de situações de violência na escola em que trabalham ao longo de 2015, a pesquisa
registrou que 2.706 dos profissionais (50% dos entrevistados) tinham
conhecimento de agressões verbais ou físicas de alunos contra educadores e
funcionários de instituições de ensino no estado.
Outros 75,3% dos entrevistados sabiam de casos de agressões entre
alunos. Dos entrevistados, 292 também apontaram que viram alunos chegarem à
escola sob efeito de álcool e 677 lembraram de casos em que os estudantes
estavam sob efeito de drogas.
Até armas são encontradas dentro das unidades de ensino. À pesquisa,
447 profissionais afirmaram que sabiam de alunos que frequentaram aulas
portando armas brancas, como facas ou canivetes. Pelo menos 89 viram alunos com
armas de fogo.
Os profissionais também reclamaram das condições de segurança
pública dentro e fora da escola, como a presença da polícia no entorno das
instituições, bem como iluminação pública.
Reflexo da sociedade
O quadro é "assustador" e "descontrolado", na
visão de José Teixeira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do
Rio Grande do Norte (Sinte/RN). Ao G1, ele afirma que muitos diretores contam
que precisam lidar com o consumo de drogas dentro das escolas, à vista de
todos. Por mais que a situação persista em todas as escolas, a rede pública
enfrenta o maior número de casos.
Também por causa do mercado ilegal de drogas, profissionais e
alunos têm sido vítimas frequentes de assaltos dentro e fora das instituições.
Além disso, também há depredações contra o patrimônio e outros tipos de crimes
que acabam prejudicando o andamento das aulas e o desenvolvimento dos
estudantes - mesmo daqueles dedicados aos estudos.
"Se a sociedade não vai bem, isso vai repercurtir na escola.
Esses fatos graves que acontecem no estado refletem na escola e vêm aumentando
sua interferencia no cotidiano da sala de aula. É assombrador. Diretores
relaram que têm que trabalhar com cautela porque existe consumo de drogas
dentro da escola, à luz do dia. E isso provoca outros tipos de crimes, como
furtos, como assaltos, dentro e fora das escolas", comenta.
"A qualidade do ensino passa por essa questão", ressalta
o professor.
Monitoramento
A professora Cláudia Santa Rosa, secretária de Educação do Rio
Grande do Norte, afirma que um núcleo responsável por discutir essas questões
está em contato direto com os setores de segurança do estado. "A violência
vem para a escola, mas a escola pode ser mais forte contribuir com a redução da
violência na sociedade.
Cláudia apontou que as escolas em áreas de maior vulnerabilidade
contam com vigilância armada e algumas escolas já contam com câmeras de
vigilância. Novas metodologias também estão sendo testadas, revela a
secretária. Uma delas é a instalação de câmeras com monitoramento facil - que
identificam alunos, professores, alunos, funcionários e pessoas estranhas à comunidade
escolar.
Para a secretária, o principal desafio é fazer com que os
estudantes compreendam a escola como um parte do seu projeto de vida e
desenvolvimento. "A escola pode contribuir com a redução da
violência", defende.
O G1 também procurou a Secretaria de Segurança do Rio Grande do
Norte, mas ainda aguarda um pronunciamento da pasta sobre o assunto.
G1 RN
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