Impactado pela alta do dólar e pela quebra da safra de
trigo na Argentina, o preço do pão francês no Ceará deve sofrer um aumento de
aproximadamente 10% ao longo do mês de maio, conforme expectativa do Sindicato
da Indústria de Panificação e Confeitaria do Ceará (Sindpan). A moeda
americana, na qual o trigo é cotado no mercado internacional, apresenta alta de
6,2% neste ano. E com a seca na Argentina, principal exportador de trigo para o
Brasil, a produção do cereal caiu cerca de 30%, pressionando o preço da saca. A
informação é do Diário do Nordeste.
Segundo Ângelo Nunes, presidente do Sindpan, a tendência
é que as panificadoras no Estado reajustem os preços dos derivados de trigo
durante o mês, na medida em que tiverem de repor seus estoques de farinha. Com
isso, o preço médio do pão francês, por exemplo, deve ficar em torno de R$
12,00. Contudo, caso a safra na Argentina não se recupere, o preço do pão pode
subir 35% até junho. “É um impacto forte e tudo aconteceu muito rápido, isso
acabará sendo repassado para o consumidor. Algumas panificadoras compram trigo
semanalmente, e outras quinzenalmente”, diz.
Padarias seguram custos
Apesar da alta do insumo, algumas padarias da Capital não
devem reajustar os preços já no começo deste mês. Segundo o gerente
administrativo da padaria Romana, Cláudio Silva, até o momento não há previsão
de alta nos derivados de trigo. “Até por conta da competitividade, nós não
vemos espaço para aumento agora. Nos últimos 45 dias o preço do pão carioquinha
caiu, passando de R$ 11,45 para R$ 10,90, o quilo. Talvez haja algum repasse
quando fizermos um novo pedido de farinha)”.
No mesmo sentido, a gerente da padaria Ideal, Fátima
Garcez, diz que, nesse primeiro momento, os preços devem ser mantidos, mas como
as compras de farinha de trigo são feitas semanalmente eventuais reajustes
ainda serão discutidos. O Sindpan estima que o trigo seja responsável por entre
30% e 40% dos custos de produção do pão.
O preço da saca de 50 quilos, hoje cotada em torno de R$
100, pode ultrapassar a casa dos R$ 120 nas próximas semanas se as produção
argentina não melhorar. “O que mais afeta o preço do trigo hoje é a seca na
Argentina, que faz a produção cair pela metade em algumas regiões. Com isso,
nós estamos com dificuldade para encontrar da mesma qualidade. Compramos um
pouco do Canadá, mas com a seca na Argentina o preço lá subiu”, diz Nunes. “E,
conversando com representantes de moinhos, ainda não há previsão de
restabelecer a situação na Argentina”.
De janeiro a março, o Ceará importou 229,3 mil toneladas
de trigo, no valor de US$ 41,9 milhões, sendo todo esse volume da Argentina. O
produto foi o terceiro principal da pauta de importações do Estado, responsável
por 6,8% do valor total em dólares. Os dados são do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). No mesmo período, o
Brasil importou US$ 290,4 milhões, sendo 95,7% da Argentina, 1,9% do Paraguai,
1,3% do Canadá e 1,1% dos Estados Unidos.
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