quarta-feira, junho 13, 2018
Queda na produção de tilápia é superior a 95% na Bacia do Orós
Orós. Redução do nível de água no Açude Orós, o segundo maior
reservatório do Ceará, e mortandade anual de tilápias produzidas em
tanques-redes têm afetado severamente cerca de 700 famílias produtoras do
pescado. Quem ainda insistia em manter as gaiolas povoadas registrou mais uma
vez prejuízo. Somente em uma área de produção, foram atingidas mais de 500
gaiolas com a perda de 70 toneladas, equivalentes a mais de R$ 500 mil.
Segundo estimativa do setor, a queda na produção é superior a 95%,
em toda a bacia do reservatório, que abrange parte dos municípios de Iguatu,
Orós e Quixelô. “Aqui agora praticamente acabou tudo e teremos de encontrar
forças para recomeçar”, disse o produtor, Antônio Neto Lavor. “Tive que
enterrar todo o pescado morto e demitir os trabalhadores”
Desolação
O clima é de desolação entre os piscicultores da região. Desde 2012
que o reservatório vem reduzindo o seu volume de água acumulado. Em 2014 e em
2015, houve mortandade elevada de pescado em várias comunidades nos municípios
de Orós e de Quixelô. Em 2016, o cenário permaneceu desfavorável. No ano
passado, sem condições de manter os criatórios, as gaiolas foram encostadas nas
margens do açude.
O ciclo produtivo de tilápia, que trouxe renda e trabalho para
milhares de moradores, agravou-se em 2017 e, agora em 2018, quando o Açude Orós
acumula cerca de 9,4% de sua capacidade, caminha para o seu fim.
“Não há mais condições de produzir em gaiolas, de forma intensiva,
porque o volume de água tende a cair nos próximos meses e essa última
mortandade afetou a capacidade econômica dos criadores”, avaliou o veterinário
Paulo Landim.
O governo do Estado, entretanto, não sinalizou até o momento com
nenhuma ação de apoio aos piscicultores de Orós. A atividade torna-se inviável
por causa de dívidas acumuladas em bancos e o reduzido volume que o
reservatório apresenta.
“O quadro, que já foi de geração de emprego e renda, com mudança
signicativa na vida de antigos agricultores, que viviam da produção de grãos
para subsistência, agora é de preocupação e empobrecimento”, pontuou. “O
desemprego é crescente na bacia do reservatório”.
No Açude Orós, a produção de tilápia em tanques-rede prosperou nos
últimos dez anos, chegando a 140 toneladas por mês. Em 2015, caiu para 50%,
mas, no m da quadra chuvosa de 2018, sem recarga signicativa do reservatório,
não há condições de recomeçar a atividade. “O pior de tudo são as dívidas com
os bancos e a falta de capital para pagamento das parcelas”, explicou o
produtor Francisco de Assis.
“Temos enfrentado dias difíceis, sem trabalho e renda, com dívida
nos bancos de custeio para compra de ração e alevinos e de investimento para
aquisição de gaiolas”, disse a piscicultora e presidente da Associação de
Produtores de Tilápia do Sítio Jardim, Auricélia Custódio Caetano. “Não temos
condição de quitar esses débitos sem a ajuda do governo”.
Falta de apoio
Os produtores de tilápia lamentam o comportamento do governo do
Estado. “Para o Castanhão, que tem muitos empresários, chegou a dar uma ajuda,
mas, para o Orós, que só tem produtor familiar, não deu atenção”, disse José
Pereira. Um dos problemas que ainda persistem na Bacia do Orós é a produção de
tilápia em gaiolas, sem a devida outorga de produção, isto é, a falta de
autorização legal.
Há dois anos, cerca de 100 famílias, das localidades de Jardim,
Brejinho e Baixas suspenderam totalmente a produção.
Após sucessivas mortandades de peixe, não houve como continuar com
a atividade. “As áreas que permitem a criação estão muito distantes, próximas
da parede do reservatório”, explicou Landim. “O custo aumentou”, acrescentou.
A produção de peixe em gaiolas no Orós fez antigos agricultores,
que moravam em casas de taipa, sonharem, acreditarem na melhoria de qualidade
de vida. De fato, houve mudanças signicativas.
O padrão de vida mudou, houve transformação. As famílias
construíram casas de alvenaria e adquiriram eletrodomésticos e transporte
próprio (motocicletas e automóveis). “Houve uma mudança de vida estrondosa”,
disse Auricélia.
Castanhão
No Açude Castanhão, o maior do Ceará, a produção de tilápia, peixe
que conquistou os consumidores, caiu também mais de 90%. O reservatório está
com 8,4%. No início deste ano, acumulava 2,5%. O aumento trouxe esperança para
um grupo de piscicultores, mas é preciso capital para retomar a atividade.
O Ceará já importa da Bahia, Pernambuco e Piauí tilápia e curimatã.
Caminhões trazem o pescado e distribuem para cidades do Interior e para
Fortaleza. A produção local não atende à demanda. O Estado passou de segundo
maior produtor de tilápia do Brasil para a 20ª colocação, entre 2013 e 2017.
Fonte: Diário do Nordeste
Tags
Noticia Regionais#
Serviços#
Compartilhar isso
Sobre Folha Serrana
Serviços
Tags
Noticia Regionais,
Serviços
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Post Top Ad
Your Ad Spot
Author Details
Ut wisi enim ad minim veniam, quis nostrud exerci tation ullamcorper suscipit lobortis nisl ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis autem vel eum iriure dolor in hendrerit in vulputate velit esse molestie consequat.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe Seu Comentário é Muito Importante para Nós