Avançam as etapas para implementação da metodologia da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) no sistema prisional do Estado. Na última semana, representantes da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac) estiveram no Ceará. Eles aprovaram a estrutura da antiga Cadeia de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, lugar escolhido pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para receber a primeira unidade do método, que aposta na ressocialização do interno a partir de diretrizes como educação, trabalho e participação comunitária.
A expectativa da SAP é de que a primeira unidade possa estar
funcionando em meados de setembro, embora esse prazo também dependa de ações
adotadas pela Apac. Engenheiros e arquitetos da secretaria trabalham para
adequar a unidade conforme a metodologia. As obras devem ser executadas pelos
próprios presos (aqui chamados de recuperandos) com recursos de doações. “A
gente entra só com a parte da despesa do preso, que é na faixa de mil reais
(contra cerca de R$ 2.500 das unidades convencionais). Então, barateia bastante
e separa o preso de perfil não-agressivo”, diz o titular da SAP, Mauro
Albuquerque.
Conforme ele, essa primeira unidade deve começar com 40 detentos,
podendo chegar até a 100 internos. Eles serão selecionados conforme decisão da
Justiça. Todos, porém, chegam cumprindo regime fechado. À medida em que os
internos forem progredindo para o semiaberto, diz Mauro Albuquerque, eles ficam
trabalhando na própria Apac e tendo suas vagas preenchidas por outros presos do
regime fechado.
“Não é a solução, é mais uma ferramenta, um recurso que a gente vai
usar para trabalhar uma certa parte da população dos presos”, afirma o
secretário. Dando certo, ele diz, existem 10 ou 12 unidades inativas no
Interior para receber a Apac.
Entre as principais diferenças da APAC para outros presídios está a
inexistência de policiais penais ou qualquer outro tipo de vigilância armada.
São os próprios recuperandos que fazem esse papel, auxiliados pelos voluntários
e fiscalizados pelo Estado. Eles chegam a ter a chave da própria cela. O método
é baseado em 12 princípios, que incluem, além de educação e trabalho,
assistência à saúde, espiritualidade e voluntarismo.
O objetivo da APAC é promover a humanização das prisões, sem perder
de vista a finalidade punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência
no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar.
A APAC conta com uma rotina diária que inicia às 6 da manhã e
termina às 10 da noite. Durante o dia todos trabalham, estudam e se
profissionalizam, evitando a todo custo a ociosidade. Com uma disciplina
rígida, a APAC conta com um conselho formado por recuperandos que contribui
decisivamente para a ordem, o respeito e o seguimento das normas e regras.
“A proposta é parecida com o que a gente tá fazendo hoje no sistema,
capacitar, colocar para trabalhar e dar emprego”, diz o secretário. “Hoje, o
preso está contido. Estamos pensando em dar condições reais para a pessoa não
voltar para o crime”.
(Com informações do O Povo)
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