Na casa próxima ao local onde a vítima foi enterrada, a polícia encontrou objetos relacionados ao ocultismo. — Foto: Arquivo/Polícia Civil
O Tribunal do Júri de Iguatu, no interior do Ceará, condenou nesta terça-feira (14) dois homens acusados pela Polícia Civil de serem "serial killers" e matarem suas vítimas em rituais satânicos para ganhar na Mega-Sena. A condenação foi no caso que apurava especificamente o assassinato do estudante Jheyderson de Oliveira Chavier, encontrado morto em uma cova.
Gleudson Dantas Barros e Roberto Alves da Silva foram condenados à
prisão pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e
corrupção de menores. O primeiro foi sentenciado a 21 anos, 7 meses e 17 dias
em regime fechado; o segundo, a 18 anos, 3 meses e 7 dias.
A Polícia Civil concluiu que os homens mataram não só o estudante,
mas também outras três pessoas da mesma forma. Sobre essas apurações, eles
ainda não foram julgados.
Segundo a investigação, eles atraíam vítimas a um sítio, faziam um
ritual com o rosto da pessoa e atiravam na nuca. Um dos condenados desejava
também ter "poderes divinos", mulheres e "poder para desafiar
qualquer um", afirmou, na época, o delegado da Polícia Civil Marcos Sandro
Lira.
"Eles escolhiam aleatoriamente. Eram serial killers psicopatas
que se fingiam de religiosos para se infiltrar na sociedade. Eles escolhiam
pessoas frágeis psicológica e emocionalmente, mas se [a vítima] fosse alguém
que tinha alguma rixa com eles, era um alvo preferencial", disse Sandro
Lira.
O cadáver do estudante morto foi encontrado nas proximidades da
casa de Roberto Alves, apelidada pelos investigadores como "Casa da
Morte", em função de ser o local no qual eram praticados rituais 'macabros
e sinistros', diz o Ministério Público do Ceará (MPCE). Roberto também foi
sentenciado pelo crime de posse ilegal de arma de fogo.
Covas e rituais
Ossada foi achada em local onde suspeitos realizavam rituais
macabros, diz polícia — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Ossada foi achada em local onde suspeitos realizavam rituais
macabros, diz polícia — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Segundo o delegado Sandro Lira, os suspeitos deixavam uma cova
preparada e escolhiam a vítima para realização dos rituais.
"Eles simplesmente pensavam quem eles iriam matar naquele dia,
podia ser um mendigo, alguém que eles prometiam dinheiro, festas",
afirmou.
A polícia chegou aos suspeitos após a morte do estudante Jheyderson
de Oliveira Chavier; depois de cinco dias desaparecido, a polícia identificou
um vídeo de câmeras de segurança da vítima na companhia de Gleudson Dantas,
apontado como o líder da seita.
Após a prisão e interrogação do suspeito, os policiais e Corpo de
Bombeiro localizaram mais três cadáveres no sítio. "Um deles [dos
suspeitos presos], o Roberto, fala em arrependimento, diz que os rituais não
estavam resultando em nada na vida dele. Já os outros dois, se não tivessem
sido presos, iriam continuar matando com certeza. O menor de idade queria
matar, ele sentia prazer em matar", afirma o delegado.
Jheyderson de Oliveira, acima à direita, foi uma das vítimas de
ritual macabro em Iguatu; dupla ainda fez outras três vítimas. — Foto:
Reprodução/Desaparecidos
Jheyderson de Oliveira, acima à direita, foi uma das vítimas de
ritual macabro em Iguatu; dupla ainda fez outras três vítimas. — Foto:
Reprodução/Desaparecidos
Parte dos cadáveres eram usados para "ornamentar" um
"altar satânico", que era usado em rituais macabros. Os membros da
seita acreditavam que, com os homicídios, conseguiram os números para vencer na
Mega-Sena.
"Eles diziam que o espírito das pessoas [assassinadas] estava
aprisionado naquele sítio e que os espíritos fariam o que eles quisessem,
inclusive iriam dar o número para vencer na Sena."
Ainda conforme o delegado, os três já haviam preparado uma cova
"enorme" para matar e sepultar três mulheres. "Eles tentaram
atrair as mulheres com bebedeiras, mas nunca conseguiram. Depois tentaram dois
rapazes, que por sorte viajaram para Fortaleza e não puderam ir à festa. Foi
quando eles tiveram a chance de atrair o Jheyderson, que infelizmente foi uma
das vítimas", afirmou.
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