O delegado Alex Rodrigues da Silva, que atua na cidade de
Cavalcante, região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, deu voz de prisão a um
médico da cidade, Fábio Marlon Martins França, após ter atendimento prioritário
negado pelo profissional. O fato aconteceu na última quinta-feira, 27. As informações
são do portal Metrópoles.
Segundo testemunhas, o delegado chegou em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) apresentando sintomas gripais e realizou um teste para a detecção
da Covid-19. Ao receber o resultado do exame, que deu positivo, o policial solicitou
atendimento ao médico plantonista. No entanto, ao ser informado que as
consultas eram feitas por ordem de chegada e que deveria aguardar, o delegado
saiu do local, voltando mais tarde acompanhado por dois agentes. Após uma
discussão com o médico, o profissional de saúde foi preso.
Ainda de acordo com o Metrópoles, a acusação inicial era a de que
Fábio Marlon exercia a profissão ilegalmente, por não ter registro no Conselho
Regional de Medicina (CRM). Contudo, a Prefeitura Municipal de Cavalcante informou
que Fábio faz parte do programa do Governo Federal “Mais Médicos” e que,
portanto, o registro no Conselho Regional de Medicina é um dos principais
requisitos. Mesmo assim, o médico foi preso por supostamente ter reagido à
prisão e desacatado os policiais.
Fábio Marlon foi levado para a delegacia da cidade e, em seguida,
para o presídio de Alto Paraíso de Goiás, onde permaneceu durante a noite. Na
manhã dessa sexta-feira, 28, uma decisão da Justiça goiana autorizou a soltura
do profissional de saúde.
Em nota, a Prefeitura de Cavalcante informou que Fábio atende no
município desde 2016, sendo bastante querido pela população e colegas, sem
nenhum registro que o desabone até o momento.
Também por meio de uma nota, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) deu
sua versão dos fatos. De acordo com a corporação, o delegado procurou a UBS na
última quinta-feira com sintomas de Covid-19. Ainda conforme a corporação,
durante as idas ao posto médico para tratar de seus exames, e em decorrência da
forma que o profissional o atendia, o delegado foi informado de que o médico
estava atuando de tal maneira por insegurança, dado ao suposto exercício
profissional irregular.
A entidade informa ainda que foram feitos levantamentos técnicos
que apontaram que o registro profissional de Fábio junto ao CRM Goiás havia
sido cancelado. Após ser confrontado pelo delegado, o médico teria se alterado
e ofendido o delegado e sua equipe. Tais fatos, segundo a PC-GO, poderiam ser
confirmados por pessoas que estavam no posto de saúde.
Após ser solto, nessa sexta-feira, Fábio Marlon disse não se
arrepender de sua atitude, ainda conforme o Metrópoles. “Todos têm que ser
iguais. Temos protocolos e temos que cumprir isso, independente do cargo”,
afirmou o profissional. O médico ainda acrescentou que não é por uma pessoa ter
“cargo superior” que irá passar à frente dos demais pacientes. “Se esse é o
preço para eu pagar, então que me prenda novamente, porque toda vez que
acontecer isso eu vou fazer a mesma coisa. Não me arrependo de nada”, frisou.
A Delegacia-Geral de Polícia Civil informou que determinou o
acompanhamento do caso pela Gerência de Correições e Disciplina. A Corregedoria
da Polícia Civil de Goiás também deverá fazer o acompanhamento do caso.
Fonte: O Povo
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