Biodiversidade na região conta também com animais que precisam ser preservados, como o soldadinho-do-araripe.
Por
Claudiana Mourato
28/04/2022
19h45 Atualizado há 10 horas
Cariri cearense concentra cerca de 40 espécies na área de Caatinga. — Foto: Divulgação/UFCA
Caatinga
é mata branca em tupi, referência à cor da vegetação durante os meses sem
chuva. Mas na região do Cariri, no Ceará, cientistas têm descoberto que essa
área ecológica é muito mais diversa para estar resumida na paisagem que se
tornou um sinônimo do sertão. Um exemplo da biodiversidade do bioma são as
cerca de 40 espécies de serpente encontradas na região.
"A
Caatinga é um mosaico. A Chapada do Araripe, por exemplo, faz parte dela, mesmo
tendo uma área com características de cerrado e mata úmida", afirma o
zoólogo Samuel Ribeiro, professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Desmistificar
a Caatinga é um caminho necessário para preservá-la. É o que afirma os
pesquisadores, que acreditam que a conservação está diretamente ligada ao
conhecimento que se tem do bioma.
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É
nisso que acredita a bióloga Raquel Soares. Ela afirma que, só no espaço de
Caatinga do Sul do Ceará, existem em torno de 40 espécies diferentes de
serpentes. E, dessas, apenas quatro são letais, se não houver atendimento
médico imediato.
"Algumas
pessoas encontram uma espécie de jiboia em casa e matam o animal. Só que ela [a
serpente] não ameaça o ser humano", afirma a pesquisa, que orienta que os
moradores chamem os bombeiros para capturar o animal. "Nós estamos
ocupando o espaço dos animais. Precisamos respeitá-los. Precisamos preservar a
Caatinga para respeitar o espaço deles", afirma.
O
lagarto papa-vento é uma espécie adaptada à caatinga no Cariri. — Foto:
Divulgação/UFCA
Como pesquisadora, Raquel Soares utilizou como objeto de estudo, o lagarto papa-vento (Enyalius bibronii), animal bem adaptado ao Cariri. Assim como outras espécies do gênero, prefere áreas florestadas, mas, para proteção dos filhotes, através da cripsia (uma forma de camuflagem), o ambiente seco da Caatinga é ideal.
Preservação
O
soldadinho-do-araripe é exclusivo da Chapada do Araripe, no Ceará, e está em
risco de extinção. — Foto: Terra da
Gente/Arquivo pessoal
O
soldadinho-do-araripe é exclusivo da Chapada do Araripe, no Ceará, e está em
risco de extinção. — Foto: Terra da Gente/Arquivo pessoal
O
avanço no território quase extingue a espécie de pássaro que só existe em 3
municípios do Ceará: Barbalha, Crato e Missão Velha. A descoberta e a
divulgação científica têm ajudado a salvar o soldadinho-do-araripe, espécie
cujo macho tem penas brancas e negras com crista vermelha. A ave vive à beira
das fontes d'água mineral que brotam na encosta da Chapada do Araripe.
O
sapo Proceratophrys Araripe foi registrado formalmente em 2018. — Foto:
Divulgação/UFCA
Além
do soldadinho, outras espécies estão ameaçadas e precisam de preservação. É o
caso do sapo Proceratophrys Araripe, formalmente descrito em 2018. Ele fica nas
áreas úmidas da chapada, é pequeno e se alimenta de pequenos invertebrados. É
uma espécie descoberta há tão pouco tempo que sequer tem nome popular. O sapo
vive no chão da mata e precisa de água correndo pelo chão para se reproduzir. A
entrada dele na lista de extinção chama atenção para o cuidado que é preciso
ter com o uso da água das fontes naturais do Cariri.
As
duas espécies, quando estão presentes, atestam a qualidade do ambiente, o que
acaba sendo uma garantia de recurso hídrico e ar puro para os próprios seres
humanos.
Veja
reportagem sobre o soldadinho-do-araripe
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do Araripe: senso mostra que está havendo recuperação
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