Crianças com problemas no coração estão há 6 meses sem
cirurgias pelo SUS
O Instituto do Coração da Criança e do Adolescente (Incor
Criança) está há seis meses sem realizar cirurgias pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), em Fortaleza. Conforme o diretor e fundador do instituto, o cirurgião
pediátrico Valdester Cavalcante, a instituição foi desabilitada pelo Ministério
da Saúde para realização de cirurgias por não concentrar todos os procedimentos
em um só prédio.
"Na renovação do contrato a Secretaria da Saúde
entendeu que o nosso contrato com um hospital da rede privada de cessão de uso
de ambientes hospitalares estava irregular. Foi feito uma solicitação ao
Ministério da Saúde informando que na vistoria que foi feita no hospital e no
ambulatório esses endereços não coincidiam. Nós fazemos o ambulatório nessa
sede e as cirurgias em outro ambiente que é o hospitalar. Nesse contexto, o
Ministério da Saúde pediu a desabilitação do Incor Criança", explicou.
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O diretor que a decisão prejudica cerca de 900 crianças
que são atendidas por mês no Incor fazendo com que a fila de espera só aumente.
Além disso ele afirmou que a demora em realizar os procedimentos pode ocasionar
muitas sequelas aos pequenos pacientes.
"Nós mantemos o ambulatório funcionando, nós atendemos
aqui em torno de 900 crianças por mês, dessas algumas precisam de cirurgias e
elas são encaminhadas para a fila que hoje no estado do Ceará está em torno de
400 crianças esperando. 66% das nossas crianças acometidas com cardiopatia
congênita ficam desassistidas. É uma doença que compromete o coração e o pulmão
e o diagnóstico sendo feito principalmente nos casos críticos precisa ser feito
em um momento oportuno. Saindo desse período, certamente a criança vai ter uma
sequela cardíaca ou pulmonar então não há tempo para esperar o tratamento das
cardiopatias congênitas", disse.
Incor Criança atende 900 crianças por mês, segundo
diretor do instituto, o cirurgião pediátrico Valdester Cavalcante — Foto:
Divulgação/Incor
Incor Criança atende 900 crianças por mês, segundo
diretor do instituto, o cirurgião pediátrico Valdester Cavalcante — Foto:
Divulgação/Incor
Rosette Correia teve a sorte de conseguir a tempo a
cirurgia para o filho. Ele foi submetido a um procedimento para fechar o canal
arterial no Incor. Para ela, o poder público deveria olhar com mais atenção
para essa área da saúde e evitar problemas maiores como a morte.
"É um sentimento de angústia a gente olhar o descaso
do poder público porque as cardiopatias têm tempo para serem tratadas. Não são
só sequelas, as crianças podem até vir a óbito. Se meu filho não tivesse feito
a cirurgia ele não poderia ter se desenvolvido ou nem estaria mais entre a
gente. A equipe do Incor foi muito importante para a saúde do meu filho",
agradeceu.
Audiência pública
Uma audiência pública vai debater a questão com
representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria Municipal da Saúde, do
Incor e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) para chegar a uma definição
sobre o retorno das cirurgias no instituto.
A secretária de Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite
afirmou que "durante o processo de renovação do convênio a auditoria
identificou inconsistências e que por se tratar de um recurso federal
imediatamente fizemos uma consulta ao Ministério que atestou que não estava lá
realmente adequado ao que prevê a portaria de habilitação e inclusive
recomendou que nós solicitássemos a desabilitação do Incor Criança",
explicou.
Ana Estela ressaltou que após isso, a direção do Incor
foi imediatamente comunicada e que dessa forma não seria possível incluir a
parte hospitalar nesse novo convênio. "Reconhecemos aqui a grande
capacidade técnica, os excelentes serviços prestados às nossas crianças pelos
profissionais do Incor Criança", concluiu.
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