O estabelecimento, com filiais em dois bairros de Fortaleza, dá a opção aos clientes de ficar, ou não, sem roupa. Porém, os funcionários sempre atendem nus. Relembre a história.
Por g1 CE
Rodney Araújo, 28 anos, criou uma barbearia em Fortaleza
onde funcionários atendem os clientes nus. — Foto: Arquivo pessoal
Rodney Araújo, 28 anos, criou uma barbearia em Fortaleza
onde funcionários atendem os clientes nus. — Foto: Arquivo pessoal
Uma barbearia com proposta inusitada chamou atenção em
Fortaleza em 2022. O que você acharia de cortar o cabelo em um local onde os
funcionários trabalham nus? É esse o diferencial do estabelecimento criado por
Rodney Araújo na capital cearense. O g1 contou a história da barbearia em
janeiro, e relembra como um dos casos que bombaram durante este ano.
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A inspiração para o empreendedor veio do desejo de poder
conhecer uma praia de nudismo e a curiosidade sobre como seria oferecer
serviços neste tipo de local. Rodney define a barbearia como
"naturista", já que oferece serviços de beleza para homens com
funcionários e clientes nus.
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O empreendimento, à época da publicação, possuía duas
filiais na capital cearense: uma no Bairro Parangaba e outra na Praia de
Iracema; com seis funcionários, que realizavam cortes de cabelo, barba,
depilação, banho de lua, limpeza de pele, massagem corporal, entre outros
serviços.
Relembre
A concretização do negócio veio durante a pandemia de
Covid-19, com a diminuição de clientes no espaço de bronzeamento da mãe de
Rodney, onde ele trabalhava atendendo o público masculino.
"Sempre que via algo sobre o assunto despertava a
minha curiosidade. Um belo dia vi uma matéria em uma dessas praias e comecei a
pensar como seria oferecer serviços nesses locais. Uma sementinha que ficou.
Com a pandemia, os clientes foram se afastando. Conversando com um amigo
barbeiro joguei a ideia dele cortar cabelo pelado, ele topou e comecei a
divulgar o serviço", relata Rodney.
Procura pelo serviço
O empresário usou as redes sociais para divulgar a
barbearia onde as pessoas podiam ficar peladas e, segundo ele, o serviço logo
recebeu muitos homens interessados em conhecer o local. Com a alta demanda,
Rodney alugou um espaço, fez um curso de barbeiro e também passou a atender os
clientes.
"Comecei a fazer vários agendamentos. Você não tem
noção do tanto de tabu que a gente quebrou, gente que tinha vergonha do próprio
corpo e quando chega aqui se sente à vontade. A gente desconstrói esse
desbloqueio do corpo", afirma.
No início, ele teve dificuldade de encontrar outros
profissionais que aceitassem trabalhar sem roupa, pois muitos tinham vergonha.
Para preservar a imagem dos funcionários que aceitaram, ele passou a adotar
apelidos — usados também no marketing da empresa, para atrair clientes.
"Não posso esconder o fato de que muita gente vem
através de fetiche e no começo os profissionais não queriam ter a identidade
revelada. Então eles começaram a usar apelidos como o 'barbeiro urso',
'barbeiro hétero', 'ex-motorista de aplicativo'. Trago o povo pela curiosidade,
mas sempre tento mostrar que é um trabalho normal, é um trabalho
tranquilo", disse.
Ficar nu é opção
Os clientes têm a opção de ficar sem roupa ou, se
preferir, ficar de cueca, roupão ou toalha. Já os funcionários sempre atendem
nus. Para garantir a experiência sem transtornos, Rodney adotou algumas
"regras" no estabelecimento, que devem ser seguidas pelos clientes.
"A regra principal é não poder tocar no
profissional. O fato de tirar a roupa não quer dizer que você pode fazer o que
quiser. Ficar sem roupa dá a liberdade no meu corpo e não no da outra pessoa.
Também tem a questão das fotos. Tem pessoas que vêm com malícia de querer
filmar escondido, por isso a gente inibe o uso de celular, para ser usado só em
casos extremos. Assim a gente preserva a imagem dos clientes", explica o
empresário.
Conforme Rodney, 60% dos clientes que vão ao local são
turistas e o público é variado, desde o LGBTQIA+ a homens héteros, alguns deles
casados. Além dos cortes de cabelos e barbas, o serviço de depilação está entre
os mais procurados.
Critica dos vizinhos e apoio da mãe
Rodney afirma que quando as pessoas do bairro onde ele
morava souberam da barbearia passaram a criticá-lo, porém a mãe sempre o
apoiou.
"Trabalhava com ações sociais e já dei aulas de
dança na comunidade, por isso sou muito conhecido na região. Fiquei muito
abalado com essas críticas, tive acompanhamento com o psicólogo, mas bati o pé
e falei: 'se eu fiz isso acontecer, eu vou continuar'. Minha mãe sempre me apoiou
e mudei de bairro".
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